Itália foi o único país que ajudou ONU a enviar venezuelanos ao Brasil
O país europeu enviou US$ 296 mil, além de mais US$ 2,3 milhões proveniente de empresas e doadores privados
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de abril de 2018 às 14h50.
Genebra - Se o fluxo de refugiados e imigrantes venezuelanos pela América Latina é considerado como um dos processos mais críticos na região, a realidade é que a comunidade internacional tem ignorado os apelos por recursos lançados pela ONU para enfrentar o drama de milhares de pessoas.
Governos estrangeiros realizaram doações de apenas 0,6% do orçamento que a ONU estima necessário em um primeiro momento para lidar com a crise de refugiados na região.
A entidade fez um chamado no início do ano para que um pacote de US$ 46 milhões fosse destinado aos refugiados que cruzam a fronteira com o Brasil. Na semana passada, a entidade estimou que 800 deles entram no País por dia.
O único governo a enviar uma doação foi a Itália, com US$ 296 mil. Além desse valor, empresas e doadores privados destinaram mais US$ 2,3 milhões para os programas da ONU na fronteira entre Brasil e a Venezuela.
Assim, a entidade arrecadou apenas 6% do total necessário e estima ter um déficit de financiamento de US$ 43,4 milhões.
Segundo as Nações Unidas, o governo brasileiro prometeu R$ 190 milhões para um orçamento separado para tratar da crise.
"Estamos pedindo à comunidade internacional maior apoio ao Brasil, que tem sido generoso em sua resposta e precisa de mais apoio para melhorar a recepção, evitar a discriminação contra os venezuelanos e garantir a coexistência pacífica", disse a ONU, em comunicado.
Desde o início de 2017, mais de 52 mil venezuelanos chegaram ao Brasil. "A Agência de Refugiados da ONU (Acnur) e as autoridades brasileiras estão cada vez mais preocupadas com os crescentes riscos enfrentados pelos venezuelanos que vivem nas ruas, incluindo a exploração sexual e a violência", continuo o texto.
"Para atender as necessidades e atenuar esses riscos, dois novos abrigos em Boa Vista foram abertos nas últimas duas semanas", indicou a ONU. "Cada novo abrigo tem capacidade para acolher 500 pessoas, sendo que já estão com sua capacidade quase completa", alertou.