"Incêndios florestais não podem definir sanções", diz Bolsonaro
Durante o discurso, o presidente também confirmou que acionará as Forças Armadas para combater as queimadas na Amazônia
Felipe Giacomelli
Publicado em 23 de agosto de 2019 às 20h49.
Última atualização em 23 de agosto de 2019 às 21h03.
O presidente Jair Bolsonaro usou seu pronunciamento em rede nacional, na noite desta sexta-feira (23), para confirmar o uso das Forças Armadas para combater as queimadas na Amazônia e também para mandar uma mensagem para outros países.
"Incêndios florestais acontecem no mundo inteiro e não podem servir de pretexto para sanções internacionais", declarou o presidente.
Desde que as queimadas na Amazônia chamaram a atenção do mundo todo, outros países têm colocado em questão os acordos feitos com o Brasil. Nesta semana, a Finlândia cogitou proibir a importação da carne brasileira, enquanto a Irlanda disse que pode impedir que o acordo entre União Europeia e Mercosul seja aprovado.
Outro país que tem sido crítico do Brasil é a França, sendo que Bolsonaro e o presidente francês Emmanuel Macron trocaram farpas pelas redes sociais.
Sem citar o nome do francês, o presidente brasileiro alfinetou Macron em seu pronunciamento. "Mensagens infundadas dentro e fora do brasil não contribuem para resolver o problema", declarou. Uma das críticas que tem sido feitas ao mandatário francês é que ele usou uma foto que não é dos atuais incêndios na Amazônia para criticar as queimadas.
Bolsonaro também fez elogios ao Código Florestal Brasileiro e voltou a criticar outros países. "Países desenvolvidos não avançaram no Acordo de Paris", lembrou.
GLO na Amazônia
O presidente aproveitou o pronunciamento para lembrar que assinou, por um mês, uma Garantia de Lei e da Ordem (GLO), autorizando o uso das Forças Armadas para combater as queimadas na Amazônia. "Não apenas para combater as atividades ilegais mas também as queimadas na região", declarou o presidente, citando o desmate e "quaisquer atividade ilegal".
"Temos tolerância zero com a criminalidade e na área ambiental não é diferente", declarou. "Mesmo que as queimadas este ano não estejam fora da média dos 15 anos, não estamos satisfeitos com o que estamos assistindo", declarou.
"Devido à minha formação como militar tenho profundo amor pala Amazônia", disse o presidente. "A proteção da Amazônia é nosso dever", completou.
Após a polêmica no começo da semana, quando atribuiu o incêndio a ONGs, Bolsonaro não citou as organizações não-governamentais em seu discurso.
Panelaço
Durante a tarde, usuários das redes sociais combinaram de fazer um panelaço durante o pronunciamento de Bolsonaro. De acordo com a GloboNews, as panelas puderam ser ouvidas em diversas cidades do Brasil.
Os panelaços foram prática comum durante os discursos de Dilma Rousseff, principalmente nos momentos que antecederam o impeachment, mas não foram frequentes ao longo da gestão Michel Temer. Agora, com Bolsonaro, eles voltaram a serem marcados.