Haddad: "Se um dos empresários for preso, ele faz delação e entrega todos"
Para o petista, Ministério Público Eleitoral tem que pedir prisão preventiva do dono da Havan, Luciano Hang, por disseminar informações falsas
Clara Cerioni
Publicado em 18 de outubro de 2018 às 19h32.
Última atualização em 19 de outubro de 2018 às 14h27.
São Paulo - Em entrevista à Rádio Globo, nesta quinta-feira (18), o candidato do PT à Presidência da República , Fernando Haddad, cobrou maior "diligência" do Ministério Público Eleitoral (MPE) na apuração da denúncia de apoio de empresários à campanha de Jair Bolsonaro (PSL), dinheiro este que não foi contabilizado no caixa da campanha.
"Se um dos empresários denunciados na reportagem fosse preso antes do segundo turno dessa eleição, eu tenho certeza de que ele faria uma delação premiada e entregaria todo mundo. Mas, o Ministério Público Eleitoral tem que atuar o mais breve possível para ele abrir a boca e dizer quanto pagou, quando e pra quem. O MPE tem que pedir a prisão preventiva desse empresário", disse Haddad.
De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira, empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT e de apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) no WhatsApp.
Os contratos chegam a 12 milhões de reais e a Havan, que apoia Bolsonaro, está entre as compradoras, diz a reportagem.
A prática seria ilegal pois se trata de doação de campanha por empresas, o que é vedado pela atual legislação eleitoral. Além disso, é proibido o uso de dinheiro não declarado.
Questionado pela Folha, Luciano Hang, dono da Havan, disse que não sabe “o que é isso” e que “não temos essa necessidade.”
"Cabe ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tomar as medidas cabíveis para saber quem pagou, quem recebeu para disparar essas falsas notícias e o Whatsapp também tem que ser chamado, porque ele tem que estar a serviço da democracia. Já tem encomenda de disparo de fake news para o final da campanha. A Justiça Federal, TSE, Polícia Federal e MPE têm que ser diligentes para apurar o que acontece no país", afirmou Haddad.
Segundo o candidato, a postura para coibir os disparos de notícias falsas na reta final da campanha, não é "limitar a liberdade de expressão".
"Caixa 2 e calúnia não são liberdade de expressão. Isso é crime. Por que fazer isso com a democracia? Ganha no argumento, no debate. Eu estou aqui pronto para esclarecer qualquer assunto e espero que ele (Bolsonaro) também. Estamos falando de crime eleitoral", ressaltou o petista.