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Generais criticam falas explosivas de Bolsonaro: "Ninguém apoia aventura"

Aliados militares avaliam que presidente partiu para "pressões" e "ameaças dissuasórias" ao dizer que "chegou ao limite" e que Forças Armadas estão com ele

Bolsonaro: presidente participou de protesto contra STF e afirmou que "chegou ao limite" (Ueslei Marcelino/Reuters)
CC

Clara Cerioni

Publicado em 4 de maio de 2020 às 12h39.

Última atualização em 4 de maio de 2020 às 14h28.

Oficiais-generais influentes avaliaram que o presidente Jair Bolsonaro tentou, no domingo, 3, fazer uso político do capital das Forças Armadas. Ao afirmar que a caserna estava com o governo, ele partiu para "pressões" e "ameaças dissuasórias" que provocaram novo incômodo no setor.

Interlocutores do presidente deixaram claro que a Aeronáutica, o Exército e a Marinha estão "sempre" na defesa da independência dos poderes e da Constituição.

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"Ninguém apoia aventura nenhuma, pode desmontar essa tese. Estamos no século 21", resumiu uma das fontes, que ainda destacou a "retórica explosiva" do presidente que permite interpretações.

Na declaração a apoiadores que provocou reações, Bolsonaro disse que "chegamos ao "limite".Os militares ressaltaram que a frase voltou a colocá-los em uma "saia justa" e reafirmaram que não vão se meter em questões políticas.

"É uma declaração infeliz de quem não conhece as Forças Armadas", reagiu de forma mais dura um deles. "O problema é que deixa ilações no ar. Afinal, não há caminho fora da Constituição."

O pronunciamento de Bolsonaro também repercutiu entre militares no Twitter. O general Paulo Chagas, que concorreu ao governo do Distrito Federal, diz assegurar que as Forças Armadas "estarão sempre ao lado da lei e da ordem e não apoiarão nenhum golpe".

Já Santos Cruz, que foi ministro da Secretaria de Governo no primeiro ano da gestão Bolsonaro, defende "a lei e o diálogo" para superar os problemas que o país enfrenta em todas as esferas de poder.

As novas investidas do presidente contra o Judiciário, o Congresso e a imprensa ocorreram, segundo essas fontes, um dia depois de um encontro dele com ministros e comandante militares.

Nessa reunião ocorrida no Palácio da Alvorada, no sábado, Bolsonaro e sua equipe discutiram a situação do país, a saída de Sérgio Moro da pasta de Justiça e Segurança Pública, as consequências de uma crise política arrastada nesta pandemia do novo coronavírus e a decisão do Supremo que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem na Polícia Federal.

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