Garman, da Eurasia: "O mercado precificou 2º turno com Lula na frente. É o cenário mais provável"
Managing director for Americas na consultoria de risco Eurasia, Garman aposta na correlação entre abstenção baixa ajudando o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa contra Jair Bolsonaro (PL)
Leo Branco
Publicado em 2 de outubro de 2022 às 19h24.
Última atualização em 2 de outubro de 2022 às 19h44.
O cientista político Christopher Garman, managing director for Americas na consultoria de risco Eurasia, aposta na correlação entre abstenção baixa ajudando o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa contra Jair Bolsonaro (PL).
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O cenário é de eleição presidencial indo para o segundo turno?
O cenário que temos trabalhando na Eurasia é o de segundo turno na eleição presidencial. As pesquisas Datafolha e Ipec davam 50% de votos válidos para Lula, mas as duas tendem a sobreestimar o voto que vai para a esquerda em algo como 2 a 3 pontos percentuais. O curinga agora é entender a abstenção.
Por quê?
Uma abstenção mais baixa ajudará Lula, considerando que a abstenção costuma ser mais alta na população de menor renda e escolaridade, um perfil de eleitor tradicionalmente do Lula. Por ora, a abstenção está ao redor de 20%, média das últimas eleições. Se baixar para 15% pode ter o efeito de ajudar Lula. Agora, precisamos entender de onde vem o voto e qual o perfil da abstenção. Uma presença alta entre eleitores bolsonaristas pode baixar a abstenção, mas nem por isso ajudar Lula.
Em 2018, tivemos grandes surpresas na eleição dos governadores. Será o caso neste ano?
Na última eleição tivemos um movimento de voto útil muito forte. Neste ano não tivemos tanto esse movimento. Agora, eleição para governador sempre tem muitas surprensas, assim como nos estados.
Os resultados como estão agora mudam em algo a percepção dos mercados?
O mercado nos últimos dias estava precificando um segundo turno com Lula na frente. É o cenário mais provável. Se houver uma vitória de Lula no primeiro turno pode haver alguma reação negativa. Estatais como Petrobras podem ir mal em razão de dúvidas sobre a condução dessas empresas.