Fantasma de Cunha domina campanha pela presidência da Câmara
Mesmo proibido pela Justiça de entrar no plenário, Eduardo Cunha era força constante nos bastidores da eleição para presidente da Câmara
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2016 às 09h08.
Brasília - Proibido pela Justiça de entrar no plenário, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acompanhou nesta quarta-feira, 13, de casa a escolha do seu sucessor no comando da Câmara se transformar num plebiscito sobre seu destino.
Nas horas que antecederam a votação, os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Rogério Rosso (PSD-DF) eram citados nos discursos e conversas como coadjuvantes.
O personagem oculto e principal era Cunha, que trava uma batalha para não ser cassado no Conselho de Ética.
Maia e Rosso nunca esconderam sua relação próxima ao peemedebista. O candidato do DEM, porém, quis deslocar sua imagem nos últimos meses à do ex-presidente da Câmara, apesar de Maia já ter se beneficiado da relação que mantinha com Cunha.
O deputado do DEM chegou a ser presidente da Comissão Especial da reforma política e, quando o então presidente da Câmara destituiu o deputado Marcelo Castro da relatoria do projeto, nomeou Maia relator de plenário.
O abalo na relação veio com a indicação de André Moura (PSC-SE) por Cunha para a liderança do governo na Câmara.
Rosso, por sua vez, assumiu o posto de herdeiro de Cunha.
Mensagens
Enquanto a votação não começava, Cunha mandava mensagens por WhatsApp e telefonava pedindo votos para Rosso, segundo parlamentares.
A cada deputado, ele lembrava os agrados e benesses concedidos durante sua presidência. Ele insistia que o deputado do PSD era o único comprometido em salvá-lo da cassação.
Cunha alardeava que também tinha conseguido apoio do PRB, de Celso Russomanno.
O pior dos cenários para ele, na avaliação de um deputado de seu grupo, era ver Maia e Marcelo Castro (PMDB-PI) no segundo turno, o que não ocorreu.
Do baixo clero e próximo de evangélicos, Rosso recebeu aval do Planalto para sair candidato à presidência da Câmara. O governo, porém, não conseguiu disfarçar que o melhor seria a derrota de Rosso e, consequentemente, o fim da supremacia de Cunha. Michel Temer e ministros da área política não se esforçaram para assegurar a candidatura de Rosso, mas tomaram cuidado para não irritar o padrinho dele.
Cunha ainda tem poder sobre colegiados da Câmara. Ele elegeu os presidentes das comissões Mista de Orçamento, Arthur Lira (PP-AL), e Constituição e Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e o líder do governo na Casa, André Moura (PSC-SE). "O fantasma Eduardo Cunha seguirá sondando isso aqui por muito tempo", disse a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) na tribuna.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasília - Proibido pela Justiça de entrar no plenário, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acompanhou nesta quarta-feira, 13, de casa a escolha do seu sucessor no comando da Câmara se transformar num plebiscito sobre seu destino.
Nas horas que antecederam a votação, os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Rogério Rosso (PSD-DF) eram citados nos discursos e conversas como coadjuvantes.
O personagem oculto e principal era Cunha, que trava uma batalha para não ser cassado no Conselho de Ética.
Maia e Rosso nunca esconderam sua relação próxima ao peemedebista. O candidato do DEM, porém, quis deslocar sua imagem nos últimos meses à do ex-presidente da Câmara, apesar de Maia já ter se beneficiado da relação que mantinha com Cunha.
O deputado do DEM chegou a ser presidente da Comissão Especial da reforma política e, quando o então presidente da Câmara destituiu o deputado Marcelo Castro da relatoria do projeto, nomeou Maia relator de plenário.
O abalo na relação veio com a indicação de André Moura (PSC-SE) por Cunha para a liderança do governo na Câmara.
Rosso, por sua vez, assumiu o posto de herdeiro de Cunha.
Mensagens
Enquanto a votação não começava, Cunha mandava mensagens por WhatsApp e telefonava pedindo votos para Rosso, segundo parlamentares.
A cada deputado, ele lembrava os agrados e benesses concedidos durante sua presidência. Ele insistia que o deputado do PSD era o único comprometido em salvá-lo da cassação.
Cunha alardeava que também tinha conseguido apoio do PRB, de Celso Russomanno.
O pior dos cenários para ele, na avaliação de um deputado de seu grupo, era ver Maia e Marcelo Castro (PMDB-PI) no segundo turno, o que não ocorreu.
Do baixo clero e próximo de evangélicos, Rosso recebeu aval do Planalto para sair candidato à presidência da Câmara. O governo, porém, não conseguiu disfarçar que o melhor seria a derrota de Rosso e, consequentemente, o fim da supremacia de Cunha. Michel Temer e ministros da área política não se esforçaram para assegurar a candidatura de Rosso, mas tomaram cuidado para não irritar o padrinho dele.
Cunha ainda tem poder sobre colegiados da Câmara. Ele elegeu os presidentes das comissões Mista de Orçamento, Arthur Lira (PP-AL), e Constituição e Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e o líder do governo na Casa, André Moura (PSC-SE). "O fantasma Eduardo Cunha seguirá sondando isso aqui por muito tempo", disse a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) na tribuna.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.