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Faíscas entre os poderes

A reação do presidente do Senado, Renan Calheiros, à ação da Polícia Federal que prendeu quatro policiais legislativos na última sexta-feira em Brasília foi intempestiva. Os agentes são acusados de realizar ações contra a Lava-Jato em favor dos políticos, como vasculhar apartamentos funcionais a procura de grampos. Criticou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, […]

RENAN CALHEIROS: presidente do Senado causou crise institucional ao criticar o judiciário / Foto: Jonas Pereira/Agência Senado
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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2016 às 05h28.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h48.

A reação do presidente do Senado, Renan Calheiros, à ação da Polícia Federal que prendeu quatro policiais legislativos na última sexta-feira em Brasília foi intempestiva. Os agentes são acusados de realizar ações contra a Lava-Jato em favor dos políticos, como vasculhar apartamentos funcionais a procura de grampos. Criticou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, por ter dito que os policiais legislativos haviam extrapolado suas funções, e chamou o juiz que autorizou a ação, Vallisney Souza de Oliveira, de “juizeco”.

Esta última fala causou ira na presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia. Ela defendeu o juiz e, sem citar Renan, disse que “não é admissível aqui, fora dos autos, é que qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado. Porque, como eu disse, onde um juiz for destratado, eu também sou”. No final da tarde, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, veio em defesa de Calheiros e disse que o juiz errou. O senador respondeu à ministra dizendo que “Ela (Cármen) fez o que lhe cabe, defender o Judiciário, e eu fiz o que me cabe, defender o Legislativo”. Com tantas faíscas no ar, o presidente Michel Temer marcou uma reunião com todo mundo para hoje, às 11h, mas Cármen não deve comparecer.

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A avaliação do governo é que Renan agiu certo ao se posicionar contra a ação da Polícia Federal, mas que teria exagerado na reação e criado uma situação desnecessária. A cúpula do Executivo teme que ações da Polícia Federal como as contra os agentes da polícia legislativa se multipliquem e possam atingir o próprio governo.

Outro medo do governo é que o atrito possa fazer com que Calheiros atrase a tramitação da PEC do Teto de Gastos, que avançou ontem na câmara, e que Temer quer aprovar ainda este ano. Isso, claro, se o avanço da Lava-Jato não voltar a bagunçar novamente a relação entre os poderes.

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