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Excesso de público e falhas de segurança aumentaram tragédia

"Já temos vários indícios que esse estabelecimento não poderia estar funcionando. Se a boate cumprisse todas as exigências não teríamos uma tragédia", disse o delegado

Interior da boate Kiss, destruída pelo incêndio deixou 231 mortos e centenas de feridos na cidade de Santa Maria (REUTERS/Edison Vara)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2013 às 17h23.

Santa Maria - O excesso de público e falhas na segurança são as causas mais prováveis do incêndio do domingo que deixou 234 mortos em uma boate da cidade de Santa Maria, disseram nesta terça-feira os delegados responsáveis da investigação após escutarem cerca de 30 testemunhas.

"Já temos vários indícios que esse estabelecimento não poderia estar funcionando. Se a boate cumprisse todas as exigências não teríamos uma tragédia lá dentro", assegurou em declarações a jornalistas Marcelo Arigony, delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul que está à frente da investigação.

Segundo Arigony, o tamanho reduzido da única porta de saída da boate Kiss, a presença de um número de pessoas superior à capacidade e o uso de um efeito pirotécnico não permitido dentro do local são alguns dos indícios que começaram a dar um rumo à investigação.

"As provas preliminares apontam para uma fragilidade em cinco ou seis elementos de segurança. São indícios de irregularidades que ainda temos que corroborar", afirmou.


O delegado Marcos Vianna, chefe da investigação, praticamente repetiu as mesmas palavras que seu companheiro.

De acordo com Vianna, as testemunhas escutadas até agora deixaram claro que a única porta de saída era inadequada para facilitar a evacuação e que havia um público que ultrapassava a capacidade do estabelecimento, que era de 691 pessoas.

Apesar de até agora nenhuma autoridade ter estabelecido quantas pessoas estavam na festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, as testemunhas garantiram que superavam a quota máxima.

O delegado disse que outros dois fatores determinantes na tragédia foram o uso do efeito pirotécnico dentro de um local fechado e a espuma utilizada como revestimento no teto da boate como isolante acústico.

Segundo Vianna, essa espuma não é a mais adequada por ser altamente inflamável e gerar uma fumaça tóxica.


Além disso, o alvará de funcionamento dado pelos bombeiros estava vencido desde agosto passado e, embora os proprietários aleguem que administravam sua renovação, as testemunhas relataram que os extintores não funcionavam.

"Ainda não recebemos nenhum documento dos bombeiros sobre em que fase estava o processo de renovação da licença e se os requisitos exigidos tinham sido cumpridos", admitiu Vianna.

Ambos delegados também citaram outras falhas de segurança como a falta de sinais para orientar o público para onde dirigir-se em caso de emergência e a retenção na porta das primeiras pessoas que tentaram sair, com o argumento que não tinham pagado a conta.

"Até ontem estávamos empenhados na identificação e liberação dos corpos, mas hoje já estamos concentrados na investigação", declarou Arigony ao esclarecer a demora da polícia em pronunciar-se sobre as possíveis causas da tragédia.

O delegado reconheceu que até os bombeiros e a Prefeitura podem ser acusados penalmente pela tragédia caso se comprove que algumas dessas falhas eram de sua responsabilidade.


"Acusaremos a quem tenhamos que acusar, independentemente da instituição que seja", garantiu.

As testemunhas asseguram que o incêndio começou quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na boate no momento da tragédia, acendeu um sinalizador, cujas faíscas alcançaram a espuma utilizada como isolante acústico no teto.

Em seu interrogatório perante o Ministério Público, os músicos negaram ter usado o sinalizador e atribuíram o início do incêndio a um curto circuito.

A polícia deteve na segunda-feira os dois donos da boate e dois dos músicos da banda.

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"Já temos vários indícios que esse estabelecimento não poderia estar funcionando. Se a boate cumprisse todas as exigências não teríamos uma tragédia lá dentro", assegurou em declarações a jornalistas Marcelo Arigony, delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul que está à frente da investigação.

Segundo Arigony, o tamanho reduzido da única porta de saída da boate Kiss, a presença de um número de pessoas superior à capacidade e o uso de um efeito pirotécnico não permitido dentro do local são alguns dos indícios que começaram a dar um rumo à investigação.

"As provas preliminares apontam para uma fragilidade em cinco ou seis elementos de segurança. São indícios de irregularidades que ainda temos que corroborar", afirmou.


O delegado Marcos Vianna, chefe da investigação, praticamente repetiu as mesmas palavras que seu companheiro.

De acordo com Vianna, as testemunhas escutadas até agora deixaram claro que a única porta de saída era inadequada para facilitar a evacuação e que havia um público que ultrapassava a capacidade do estabelecimento, que era de 691 pessoas.

Apesar de até agora nenhuma autoridade ter estabelecido quantas pessoas estavam na festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, as testemunhas garantiram que superavam a quota máxima.

O delegado disse que outros dois fatores determinantes na tragédia foram o uso do efeito pirotécnico dentro de um local fechado e a espuma utilizada como revestimento no teto da boate como isolante acústico.

Segundo Vianna, essa espuma não é a mais adequada por ser altamente inflamável e gerar uma fumaça tóxica.


Além disso, o alvará de funcionamento dado pelos bombeiros estava vencido desde agosto passado e, embora os proprietários aleguem que administravam sua renovação, as testemunhas relataram que os extintores não funcionavam.

"Ainda não recebemos nenhum documento dos bombeiros sobre em que fase estava o processo de renovação da licença e se os requisitos exigidos tinham sido cumpridos", admitiu Vianna.

Ambos delegados também citaram outras falhas de segurança como a falta de sinais para orientar o público para onde dirigir-se em caso de emergência e a retenção na porta das primeiras pessoas que tentaram sair, com o argumento que não tinham pagado a conta.

"Até ontem estávamos empenhados na identificação e liberação dos corpos, mas hoje já estamos concentrados na investigação", declarou Arigony ao esclarecer a demora da polícia em pronunciar-se sobre as possíveis causas da tragédia.

O delegado reconheceu que até os bombeiros e a Prefeitura podem ser acusados penalmente pela tragédia caso se comprove que algumas dessas falhas eram de sua responsabilidade.


"Acusaremos a quem tenhamos que acusar, independentemente da instituição que seja", garantiu.

As testemunhas asseguram que o incêndio começou quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na boate no momento da tragédia, acendeu um sinalizador, cujas faíscas alcançaram a espuma utilizada como isolante acústico no teto.

Em seu interrogatório perante o Ministério Público, os músicos negaram ter usado o sinalizador e atribuíram o início do incêndio a um curto circuito.

A polícia deteve na segunda-feira os dois donos da boate e dois dos músicos da banda.

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