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Emissões no Brasil aumentam 7,8% em 2013, mostra estudo

Estudo mostra que as emissões brasileiras chegaram a 1,57 bilhão de toneladas de gás carbônico no ano passado, um aumento de 7,8% em comparação com 2012

Desmatamento: maior aumento das emissões entre 2012 e 2013, da ordem de 16%, ocorreu no desmatamento (Arquivo/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2014 às 17h09.

Rio de Janeiro -Estudo do Observatório do Clima , que será apresentado no sábado (6), na 20ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-20), em Lima, Peru, mostra que as emissões brasileiras atingiram 1,57 bilhão de toneladas de gás carbônico, em 2013.

Isso representa um aumento de 7,8% em comparação ao ano anterior e constitui a maior quantidade de emissão desde 2008.

O estudo mostra as emissões, no Brasil, no período de 1970 a 2013.

No ano passado, foram apresentados dados relativos ao período de 1990 a 2012.

“No sábado, no evento paralelo à COP-20 que vai ser organizado pelo Observatório do Clima, mostraremos que de 2012 para 2013, o Brasil aumentou em 7,8% as suas emissões, que é um aumento em todos os setores.Aumentou na mudança da terra, no setor de energia, na agropecuária, nos resíduos, nos processos industriais. Em todos os setores da economia monitorados, o Brasil elevou suas emissões”, disse, hoje (3), à Agência Brasil, o coordenador-geral do Observatório do Clima, André Ferretti.

O maior aumento das emissões entre 2012 e 2013, da ordem de 16%, ocorreu no desmatamento. Somando mudança da terra (desmatamento), energia e agropecuária, considerados os grandes vilões das emissões de gases poluentes, verifica-se que esses três setores respondem por quase 90% das emissões brasileiras, informou o ambientalista. Resíduos e processos industriais ocupam uma parcela ainda reduzida.

De acordo com o Observatório do Clima, em 2013, o setor de mudança da terra emitiu 542,5 milhões de toneladas de gás carbônico.

Em segundo lugar, ficou energia, com 473,5 de toneladas de gás carbônico, seguindo-se a agropecuária, com 416,7 milhões de toneladas de gás carbônico. Os processos industriais foram responsáveis pela emissão 86,5 milhões de toneladas e os resíduos 48,7 de milhões de toneladas.

O objetivo do Observatório do Clima é fazer o monitoramento anual das emissões no Brasil, para que se tenha tempo hábil de identificar onde as emissões estão piorando, para que se possa ajustar políticas públicas que, eventualmente, não estejam resultando no esperado ou criar novas políticas para solucionar problemas que estejam sendo causados em alguns setores, disse Ferretti.

Segundo ele, o país está em uma situação complicada, em que todos os cinco setores monitorados mostram o aumento das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa.

“O mundo precisa reduzir as emissões pela metade, pelo menos, nas próximas três décadas, para que a gente consiga tentar ainda estabilizar a temperatura em, no máximo, 2º [Celsius] acima da média que a gente tinha de temperatura do planeta, no início da revolução industrial”. Ferretti acrescentou que esse é um limiar que os cientistas alertam como algo que ainda traria grandes prejuízos, “como tem trazido”, mas que ainda é aceitável.

O coordenador do Observatório do Clima destacou que um aumento acima da magnitude de 2ºC em relação à temperatura no século 18 traria consequências muito severas que a espécie humana não vivenciou até hoje. “É um risco muito grande”, disse.

Por isso, a expectativa dos ambientalistas é que os esforços globais sejam suficientes para que a temperatura não se eleve acima de 2ºC do que ocorria na Era pré-industrial. Informou que, atualmente, foi observado um aumento entre 0,8ºC e 0,9ºC.

“Estamos chegando a quase 1ºC do que era na revolução industrial e já estamos tendo problemas nos últimos anos, como aumentos climáticos extremos, mais frequentes e mais intensos, causando perdas de vidas, inclusive, e prejuízos econômicos gigantescos no mundo todo”.

Ferretti lembrou que, segundo os cientistas, é prudente não ultrapassar o limiar de 2ºC, “porque seria mais barato trabalhar agora para reduzir as emissões”.

André Ferretti viaja amanhã (4) para Lima, onde apresentará o estudo na COP-20, com o coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), o engenheiro florestal Tasso Azevedo.

Um novo estudo, publicado na revista científica Oikos, mostra que dois fatores principais são importantes para a sobrevivência das cabras: as horas de claridade do dia e a temperatura. Para os caprinos da Escócia, que sofrem com o frio das áreas mais elevadas do norte do país, o aquecimento global pode ser uma dádiva. A elevação das temperaturas parece estar tornando a vida um pouco mais fácil para os animais da região, que já começam a marcar território. O aumento da população de cabra selvagem e a mudança de seu habitat foi documentada pelo pesquisador britânico Robin Dunbar, da Universidade de Oxford e seu colega Jianbin Shi.
  • 2. Adeus ao cafezinho

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    O nosso querido cafezinho também corre riscos. Segundo uma nova pesquisa, publicada na revista científica Plos One, essa bebida tradicional pode sumir do cardápio dentro de 70 anos devido ao aquecimento global e às mudanças climáticas. O estudo realizado por pesquisadores do Royal Botanic Gardens da Grã-Bretanha, em colaboração com cientistas na Etiópia, constatou que entre 38 e 99,7% das áreas adequadas para o cultivo da espécie arábica desaparecerá até 2080 se as previsões do aumento das temperaturas se concretizarem.
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    3 /8(David Silverman/Getty Images)

  • É bom preparar o coração para as mudanças. Eventos climáticos extremos de calor e frio se tornarão mais comuns e isso vai colocar pressão sobre o coração das pessoas, dizem os cientistas. Um estudo publicado no British Medical Journal concluiu que a queda de temperatura de 1ºC em um único dia no Reino Unido está ligado ao aumento de 200 ataques cardíacos. Ondas de calor também geram efeito semelhante. Mais de 11 mil pessoas morreram por complicações cardíacas durante a onda de calor que atingiu a França na primeira metade de agosto de 2003, quando as temperaturas subiram para mais de 40ºC.
  • 4. Queda na capacidade trabalho

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    Um estudo publicado na revista científica “Nature Climate Change” sugere que o aumento da temperatura global nos últimos 60 anos reduziu a capacidade de trabalho em 10%. Pior, a previsão é de que “estresse térmico” poderá prejudicar ainda mais a aptidão do trabalhador para desempenhar suas funções nas próximas décadas. De acordo com a pesquisa, a capacidade de trabalho em 2050 será reduzida a 80% do que hoje.
  • 5. Maratonas mais lentas

    5 /8(Einar Hansen/ StockXchng)

    Embora o tempo dos vencedores de maratonas tenha melhorando gradativamente ao longo do século passado, essa tendência corre risco de diminuir diante do aumento das temperaturas. Um estudo da Universidade de Boston indica que o aquecimento global poderá tornar as maratonas mais lentas, afetando o tempo das vitórias. Mantida a tendência de aquecimento atual, de 0.058°C por ano, até 2100, a chance de detectar uma "desaceleração consistente no tempo de vitória da maratona" é de 95%, diz o estudo.
  • 6. Uvas não curtem calor, logo...

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    As uvas vinícolas são uma das culturas mais sensíveis ao calor, chuvas, incidências de sol e mudanças bruscas no clima. Não à toa, elas estão na mira do aquecimento global. Segundo estudos mais recentes, a produção de vinhos em regiões consagradas, como Bordeaux, na França, pode cair cerca de 60% até 2050. Em contrapartida, a mudança climática poderia também abrir outras partes do mundo para a produção de uvas, uma vez que os produtores teriam que procurar lugares mais altos e mais frios.
  • 7. Mais metano, mais aquecimento

    7 /8(Ian Joughin, University of Washington)

    Os efeitos do aquecimento global, acredite, também podem gerar mais aquecimento global. Estudo recente, publicado na revista Nature por uma equipe internacional de cientistas, mostrou que o degelo no continente antártico pode ser uma fonte importante, embora esquecida, de metano, um gás efeito estufa com potencial de aquecimento global 21 vezes maior do que o do CO2. Ou seja, o derretimento do gelo pode liberar milhões de toneladas desse gás na atmosfera e agravar o aquecimento global.
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