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Bolsonaro diz que ministério das Relações Exteriores vai para um diplomata

Aceno ao Itamaraty sucede tensão com apoio a Israel; Bolsonaro considerou "prematura" decisão do Egito de suspender visita do atual chanceler Aloysio Nunes

Bolsonaro e sua equipe abriram várias frentes de embate diplomático (Adriano Machado/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 09h53.

Última atualização em 7 de novembro de 2018 às 10h12.

Brasília - O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou nesta terça-feira, 6, que pretende escolher um diplomata de carreira como ministro das Relações Exteriores. "Será um diplomata. Poderia nomear um militar, mas quero quadro de carreira", disse.

Sem assessoramento claro na área internacional, Bolsonaro acenou à diplomacia do Itamaraty em meio a uma crise com países do mundo árabe provocada pelo anúncio de que pretende transferir a Embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém.

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A troca é um sinal de que o Brasil reconhece a cidade santa, foco do conflito com a Palestina, como capital de Israel. O Estado da Palestina também reivindica a cidade como capital.

Bolsonaro disse nesta terça que a mudança seria feita em respeito a uma decisão do povo israelense. "O que eu estou falando é o seguinte: para nós não é um ponto de honra essa decisão. Agora, quem decide onde é a capital de Israel é o povo, é o Estado de Israel. Se eles mudaram de local...", disse.

Ele classificou como prematura a suspensão, por parte do Egito, da visita do atual chanceler, Aloysio Nunes Ferreira, com empresários ao país, revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo. "Pelo que vi, é também questão de agenda. Agora, acho que seria prematuro um país anunciar uma retaliação em função de uma coisa que não foi decidida ainda."

A transferência da embaixada é apoiada por líderes evangélicos que fizeram campanha para Bolsonaro. "Jerusalém, desde que David a fundou, sempre foi capital do Estado de Israel. Onde Jerusalém foi capital do mundo árabe? Eu não conheço na história. Ele (Bolsonaro) acha que é um Estado soberano, que tem o direito de colocar a capital onde quiser", disse o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, um dos líderes mais próximos de Bolsonaro.

"Não houve pressão dos evangélicos, mas nós somos 100% a favor disso, ou pelo menos 99,9%, se tiver algum esquerdopata gospel aí", disse Malafaia.

O pastor não acredita que a reação dos países árabes fará Bolsonaro mudar de ideia e diz que nenhum deles deixou de negociar com os Estados Unidos depois da mudança da embaixada americana para Jerusalém. "Quando Bolsonaro mudar a embaixada para Jerusalém, o Brasil vai ser abençoado como nunca. É a minha fé."

Israel também está na lista das primeiras viagens internacionais anunciadas pelo presidente eleito, ao lado dos Estados Unidos e do Chile.

Viagem aos EUA

Enquanto Bolsonaro não inicia seu tour, um dos filhos dele, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), líder do PSL na Câmara, agendou reuniões na próxima semana com representantes da cúpula do governo americano, incluindo o vice-presidente, Mike Pence.

"Já que meu pai não pode viajar, a gente vai representando ele. O objetivo desses encontros é estreitar relações com o governo americano e dizer que o Brasil está acenando de maneira favorável para ter uma aproximação com os EUA", explicou Eduardo.

Ele estará acompanhado do consultor Filipe Garcia Martins, formado em Relações Internacionais e que já criticou abertamente nomes cotados para assumir a chancelaria, como Maria Nazareth de Azevedo, Sergio Amaral, Roberto Abdenur e Rubens Barbosa. "Representariam mais do mesmo: a continuidade de uma política externa terceiro-mundista e sem traços distintivamente brasileiros", escreveu Martins.

Outros cotados são os diplomatas Ernesto Fraga (defensor de Trump), Paulo Bretas e Luís Fernando Serra, atualmente embaixador na Coreia do Sul.

China

Bolsonaro e sua equipe abriram outras frentes de embate diplomático: com o Mercosul, que deverá ser esvaziado; com a comunidade europeia, por causa das críticas ao Acordo de Paris; e com a China, que trava uma guerra comercial com os Estados Unidos.

"A questão da China já está mais do que explicada, eu falei que não podemos continuar fazendo negócios com o mundo todo com viés ideológico. A gente não quer nem de direita nem de esquerda, negócio é negócio e pretendemos fazer com o mundo todo", amenizou nesta terça o presidente eleito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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