MELHORES E MAIORES 50 anos: em 1985, as reviravoltas na política e na economia brasileira roubaram a cena
Figueiredo deixou o poder, Tancredo Neves não pôde assumir e o Brasil recebeu um não do FMI – o pano de fundo da vitória da Sid Informática no Melhores e Maiores
Redação Exame
Publicado em 11 de julho de 2023 às 14h43.
Última atualização em 15 de agosto de 2023 às 15h33.
Foi o ano em que João Batista Figueiredo deixou a Presidência, levando consigo os militares. Eleito indiretamente, Tancredo Neves quase assumiu em 1985. Mas, em razão dos problemas de saúde que culminaram em sua morte, foi substituído por José Sarney – que ficaria conhecido pelos planos Cruzado, Cruzado II, Bresser e Verão, criados com o intuito de conter o aumento dos preços.
Como se não bastassem as reviravoltas políticas, a economia brasileira também não dava sossego. Em 1985, a sétima carta de intenção que Delfim Netto, o ministro do Planejamento, enviou ao Fundo Monetário Internacional (FMI) foi recusada, o que interrompeu os desembolsos ao país – enviadas ao longo de dois anos, as missivas nada mais eram do que pedidos de perdão em função de metas que não haviam sido cumpridas.
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Em março, o comando do Ministério da Fazenda saiu das mãos do capixaba Ernane Galvêas e foi para o mineiro Francisco Oswaldo Neves Dornelles. Este durou pouco no cargo. Em agosto, foi substituído pelo paulistano Dilson Domingos Funaro, responsável por tirar o plano Cruzado do papel.
Naquele ano, a pedido do mercado financeiro, o governo passou a basear o cálculo da correção monetária na média geométrica das últimas variações do IGP-DI.
O objetivo: permitir o conhecimento antecipado da correção monetária. A medida provocou menores oscilações nas taxas de overnight e favoreceu a emissão de papéis com prazos mais curtos, o que acabou provocando fortes mudanças nos fluxos de recursos financeiros.
Em setembro, o governo voltou a se basear na variação dos preços do mês anterior. E fixou a correção somente no final do mês, quando a inflação já seria conhecida. Em novembro, uma resolução do Conselho Monetário Nacional unificou as bases de reajuste de remuneração de capital e do trabalho, substituindo o IGP-DI pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE.
Esse foi o pano de fundo da edição de 1985 do anuário Melhores e Maiores. Quem venceu naquele ano foi a Sid Informática, criada em 1978 a partir do consórcio formado pela Sharp do Brasil, o Grupo Inepar e a Dataserv.
Instalada em Curitiba, no Paraná, a companhia, inicialmente, se limitava à fabricação de microcomputadores – era assim que os computadores mais modernos da época eram chamados. Com o passar dos anos, porém, a Sid passou a oferecer automação bancária e comercial e assumiu a liderança do segmento.