É preciso respeitar Raoni, mas ele não fala nossa língua, diz Bolsonaro
Após criticar o cacique na Assembleia Geral das Nações Unidas, presidente acredita que Raoni não expressa os anseios de todos os indígenas
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de setembro de 2019 às 11h23.
Última atualização em 15 de outubro de 2019 às 18h36.
Após criticar o cacique Raoni Metuktire na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro voltou a questionar a posição de liderança do indígena nesta quinta-feira, 26, e afirmou que o indígena "não fala a nossa língua". Para Bolsonaro, Raoni não expressa os anseios de todos os índios.
"Raoni fala outra língua. Não fala a nossa língua. É uma pessoa que está com uma certa idade avançada, vamos respeitá-lo com cidadão. Mas ele não fala pelos índios. Cada tribo tem um cacique", disse o presidente a apoiadores na saída do Palácio do Alvorada, uma das residências oficiais da Presidência. "Levei uma índia lá (para a Assembleia Geral), a Ysani Kalapalo, não existe mais o monopólio do Raoni", afirmou.
Durante a fala na ONU, Bolsonaro já havia falado que "o monopólio do senhor Raoni acabou". Ele também enalteceu Ysani Kalapalo como alguém com "prestígio das lideranças indígenas interessadas em desenvolvimento, empoderamento e protagonismo". No entanto, a escolha de Ysani como representante foi questionada, em carta, por 16 povos habitantes do Xingu.
Nesta quinta, Bolsonaro relembrou um outro documento sobre indígenas que leu durante o seu discurso na ONU. De acordo com o presidente, os índios "querem sair da escravidão, esmola de ONG, Bolsa Família e cesta básica". "A carta que eu li é muito importante e não foi dado o destaque na mídia. É uma carta dos índios produtores rurais", disse.
Bolsonaro falou com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, pela manhã. Antes de seguir para compromissos no Planalto, o presidente passou por exames no Hospital da Força Aérea de Brasília (HFAB).