Desordem na Casa Civil reflete tamanho exagerado do governo
Cientista político da consultoria Tendências afirma que apagar o incêndio no ministério será maior desafio político do próximo presidente
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2010 às 17h43.
São Paulo - Para o cientista político Rafael Cortez, da consultoria Tendências, a desordem que se instalou na Casa Civil depois dos escândalos envolvendo a ministra Erenice Guerra aponta os perigos de se ter uma participação mais forte do governo no desenvolvimento do país.
"Quanto maior o peso do governo, mais facilmente surgem situações como esta. A Casa Civil é um ministério importante porque atua como intermediário entre o setor privado e a ação do Estado. Ela administra algumas das decisões mais importantes do governo. Se seu tamanho é exagerado, abre espaço para a ação ilegal de alguns burocratas que querem extrair renda e vantagens dessas intermediações", explica o especialista.
Sob esta ótica, Cortez afirma que o próximo governo terá que estabelecer como meta prioritária o aumento da eficiência deste ministério e da máquina pública como um todo. "Ela deve ser racional, moderna, com tudo funcionando com base na meritocracia. A Casa Civil vai lidar com grandes questões como a hidrelétrica de Belo Monte, o pré-sal e o trem bala. É preciso controlar tanto os burocratas quanto as empresas que querem acesso a estes blocos de poder."
Desafio
Para o cientista político Rafael Cortez, da consultoria Tendências, o maior desafio político do próximo governo no curto prazo será apagar o incêndio no ministério anteriormente chefiado por Erenice Guerra. "É um ministério que já nasce queimado no novo governo e precisa recuperar a credibilidade com urgência", afirma Cortez.
O primeiro passo nesta direção é a escolha de um nome para chefiar o ministério no próximo mandato. De acordo com o analista, é importante que o presidente eleito em outubro procure alguém sem qualquer relação com as denúncias.
Além disso, é importante também que o peso da Casa Civil no governo seja reavaliado. "Uma possível estratégia seria que o próximo presidente, inicialmente, delegasse menos ao ministério, que está com uma imagem bastante negativa", diz.
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