Delator da Odebrecht cita R$ 7 milhões para Cunha
Delator confessou um pagamento estimado em R$ 7 milhões em 2010 a Eduardo Cunha, por sua importância política
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de dezembro de 2016 às 16h45.
São Paulo - O delator da Odebrecht Claudio Melo Filho cita em seu anexo entregue à força-tarefa da Operação Lava Jato que o deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recebeu R$ 7 milhões da empreiteira, pela influência que tinha entre parlamentares da Câmara dos Deputados.
"Em 2010, pela importância política que o então deputado possuía, a empresa aprovou o valor estima de R$ 7 milhões. Esses valores constam expressamente nas planilhas como supostamente destinados à campanha eleitoral, identificado pela expressão 'CP-Braskem' e também a Benedicto Junior", afirmou Claudio Melo, que foi vice-presidente Institucional da Odebrecht, servindo de elo do grupo com políticos, em Brasília.
Eduardo Cunha está preso, em Curitiba, desde o dia 19 de outubro, por ordem do juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Lava Jato em primeira instância.
Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro em negócios de compra de campos de exploração de petróleo em Benin, na África.
"Entreguei algumas vezes senhas a Eduardo Cunha quando solicitado pela área de operações estruturas, mas o pedido de pagamento não endereçado por Eduardo Cunha a mim", explicou o delator, que listou no anexo os valores e datas de entregas.
Claudio Melo disse que seu trânsito maior era com a bancada de senadores do PMDB, mas que também mantinha reuniões com Cunha, em especial para discutir temas de interesse da Odebrecht no setor de energia.
"Nas vezes em que conversava com o deputado sobre temas da empresa, era sempre atendido com presteza e educação. As reuniões se deram no gabinete da liderança do PMDB, que fica em frente ao Salão Verde, em uma sala no final do corredor das lideranças."
Cunha é réu em um processo aberto por Moro em Curitiba. As revelações da Odebrecht, que ainda serão transformadas em termos de delação e precisarão ser homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), servirão para a abertura de novos inquéritos contra os citados.
"Entendi que essa era uma forma de reconhecimento pela relação deste com a Odebrecht, pois ele sabia que receberia pagamentos a pretexto de contribuição de campanha."