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Dados do cartão corporativo de Bolsonaro estão incompletos, revela Secom

A Secretaria de Comunicação Social da presidência (SECOM) informou que faltam despesas a serem incluídas e que uma nova publicação deverá ser feita em breve.

O primeiro valor divulgado registrava R$ 27 milhões ao longo dos quatro anos de mandato (Alan Santos/PR/Flickr)

O primeiro valor divulgado registrava R$ 27 milhões ao longo dos quatro anos de mandato (Alan Santos/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 21 de janeiro de 2023 às 10h31.

Última atualização em 21 de janeiro de 2023 às 10h37.

Os gastos com cartões corporativos da gestão de Jair Bolsonaro estão incompletos e podem ser maiores do que foi publicado pela Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR). Ao GLOBO, a Secretaria de Comunicação Social da presidência (SECOM) informou que faltam despesas a serem incluídas e que uma nova publicação deverá ser feita em breve.

“Haverá uma nova publicação uma vez que alguns registros não foram incluídos na extração original.”, diz a Secom, que afirma ainda que “dados consolidados constantes do Portal da Transparência atualmente são provenientes das faturas encaminhadas mensalmente pelo Banco do Brasil à CGU.”

A quantia gasta pelo cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi disponibilizada no site da Secretaria-Geral da Presidência da República após a queda do sigilo destes dados, diante do fim de seu mandato. O pedido pela divulgação das informações foi feito pela agência Fiquem Sabendo.

No total, foram gastos no cartão corporativo R$ 27 milhões ao longo dos últimos quatro anos. Valores inferiores do que consta como dados informados pelo Portal da Transparência, o que chegam a 75 milhões.

Ainda segundo a Secom, essas informações publicadas pela Secretaria-Geral da Presidência da República se referem exclusivamente à unidade gestora da Secretaria Especial de Administração da Presidência. Já o Portal da Transparência apresenta dados consolidados de outras unidades da Presidência, mas é possível filtrá-los para ver apenas essa unidade gestora.

Despesa milionária

Durante os quatros anos do governo Jair Bolsonaro, o cartão corporativo da Presidência da República foi utilizado para compras que vão além das despesas do dia a dia. Na lista consta itens para decorações de festas, doces e com animais de estimação.

A lista fornecida pelo governo é dividida entre diversas categorias, como hospedagem e alimentações. Duas dessas categorias são relacionadas a festas: "material p/ festividade e homenagens" e "festividades e homenagens". Ao todo, foram gastos R$ 21,7 mil. Parte dos gastos foi em lojas de Brasília especializadas em decoração e artigos para festas.

Entre os gastos com alimentação, alguns se destacam. Um dos estabelecimentos que mais recebeu recursos foi o Mercadinho La Palma, em Brasília, que se apresenta como "mercadinho gourmet". Foram R$ 678 mil em gastos ao longo dos quatro anos. No Rio de Janeiro, a lanchonete Lecadô recebeu R$ 126 mil.

Os gastos com hotéis são, de longe, os maiores do cartão corporativo da presidência, durante o governo Bolsonaro. O total de R$ 13,66 milhões em hospedagem nos quatro anos de mandato está concentrado em gastos elevados em estabelecimentos pontuais, como o Blue Tree Faria Lima, que acumulou cerca de R$ 553 mil, ou o luxuoso Hilton Brasil que recebeu em despesas do cartão corporativo mais de R$ 268 mil. O estabelecimento com maior gasto, no entanto, foi o Ferraretto Hotel, que recebeu R$ 1,46 milhões.

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