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Coordenador de Diversidade Sexual do Rio registra ocorrência após ataque

Nélio Giorgini disse acreditar que episódio de violência não teve características de assalto, mas caso foi registrado como tentativa de latrocínio

Giorgini: gestor acredita que ocupar um cargo público pode deixá-lo mais vulnerável a sofrer violências (Tomaz Silva/Agência Brasil)
AB

Agência Brasil

Publicado em 2 de abril de 2018 às 17h28.

O coordenador especial de Diversidade Sexual da prefeitura do Rio de Janeiro , Nélio Giorgini, registrou ocorrência hoje (2) na 15ª Delegacia de Polícia, na Gávea, zona sul, onde mora. Ontem (1º), o coordenador informou, por meio de nota, ter sofrido um ataque a tiros em Benfica, na zona norte.

Ainda abalado, o coordenador disse à imprensa, antes de registrar a ocorrência, acreditar que o ataque não teve características de uma tentativa de assalto. De acordo com Giorgini, uma moto com duas pessoas acompanhou, por quatro quadras, o carro, um Chevrolet Cruze, em que ele estava com os pais e o marido, Ronni Adriani, após almoçarem no restaurante Adonis. Giorgini estava sentado na frente, no banco do passageiro. Segundo ele, os criminosos apontaram a arma para sua cabeça por cerca de cinco minutos.

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"Quando a gente saiu da Rua Tavares Ferreira e virou [na Rua Ana Neri], eu só escutei o grito do Ronni: 'Eles vão atirar!'. Os tiros foram lá no final, já chegando na Rua Dr. Garnier. Eles foram acompanhando o carro desde a Tavares Ferreira até a Dr. Garnier. Do meu lado, com a arma apontada", disse.

O coordenador contou, aos jornalistas, que os homens não anunciaram o assalto. "Essa é a nossa curiosidade, porque normalmente se jogam na frente do carro e para o carro para levar o carro. Não anunciaram nada, simplesmente nos acompanharam quatro quarteirões com a arma apontada para gente. Estavam de capacete azul, claro. Não deu para ver a moto, foram cinco minutos de pânico total".

Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado como crime de tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte). "A vítima foi ouvida, nesta segunda-feira, na unidade policial [15ªDP]. As investigações vão ficar a cargo da 25ª DP (Engenho Novo), responsável pela área onde ocorreu o fato".

Após fazer o registro na delegacia, Giorgini disse que a reação que teve durante o ocorrido não é recomendada pelas autoridades policiais, pois pediu ao marido para acelerar o carro.

Vulnerável

Giorgini afirmou que confia na investigação policial, mas que o fato de ocupar um cargo público pode deixá-lo mais vulnerável a sofrer violência. "Dizer que o cargo não me expõe, eu estaria mentindo. Afinal de contas, uma das grandes questões que a gente tem que levar no dia a dia dos LGBTs é a violência. A gente tem que lidar com isso, é uma coisa que a gente tem que fazer. Eu não gosto de trabalhar com a desgraça alheia, mas é uma das questões de ofício do meu cargo. Mutilações, violências e agressões são comuns da pasta LGBT, mas nem por isso eu posso relacionar isso com o que aconteceu ontem. Se houver algum tipo de relação, quem vai poder dizer é a polícia".

O coordenador disse que não pretende solicitar escolta ou segurança pessoal. "O dia que eu chegar a esse ponto, eu vou estar desacreditando no poder policial do Rio de Janeiro. Eu quero acreditar no poder policial. Neste ano e pouquinho que estamos trabalhando na coordenadoria, não tenho o que reclamar da polícia, nem da PM, nem da Polícia Civil. Eu tenho que acreditar no estado", afirmou, ao lamentar que "moradores do subúrbio, onde cresceu e onde os pais ainda moram, tenham que conviver com esse tipo de violência cotidianamente".

"O subúrbio sempre foi largado, a gente sempre teve que lidar com essa direção do carro abrupta. É um absurdo, independentemente de ser gay, evangélico ou qualquer coisa, isso não pode acontecer. Eu não posso ficar com medo de sair da minha casa e ir para casa dos meus pais", afirmou.

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