Brasil

Com reforma, Dilma busca virada tentando o impossível

Coluna de Alexandre Caverni


	Opinião: "Considerando o comportamento que a chamada base governista vem tendo neste segundo mandato de Dilma, o retorno pode vir a ser bastante modesto"
 (Lula Marques/ Agência PT/Fotos Públicas)

Opinião: "Considerando o comportamento que a chamada base governista vem tendo neste segundo mandato de Dilma, o retorno pode vir a ser bastante modesto" (Lula Marques/ Agência PT/Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 07h27.

SÃO PAULO - A se confirmarem as últimas notícias, a presidente Dilma Rousseff parece estar tentando o impossível com a reforma administrativa e ministerial: cortar ministérios, agradar todos os blocos do PMDB, dar poder prático ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficar bem, na medida do possível, com o PT e não arranhar demais os outros aliados.

Isso tudo tendo dois objetivos mais ou menos bem definidos: garantir apoio parlamentar necessário para evitar seu impeachment e votos para que as novas medidas do ajuste fiscal sejam aprovadas do jeito que precisam ser aprovadas.

Mas ao fim e ao cabo nada garante que os dois objetivos serão alcançados, ou mesmo um deles.

Manter ministros do PMDB ligados ao vice-presidente Michel Temer e os que representam os senadores do partido e ainda oferecer o "gordo" Ministério da Saúde para contemplar os deputados peemedebistas visa algo crucial para que Dilma consiga sobreviver na Presidência até 2018: impedir que os parlamentares do PMDB desembarquem no movimento pelo impeachment.

De quebra, o Palácio do Planalto espera mais apoio para aprovar medidas impopulares. Do lado do PT, a presidente parece ter se rendido à dura realidade da política e também aos desejos de Lula.

Embora o ministro Jaques Wagner não seja um pau-mandado do ex-presidente e tenha um bom relacionamento com Dilma, no tabuleiro atual ele será, ao assumir a Casa Civil no lugar de Aloizio Mercadante, mais um homem de confiança de Lula no Palácio de Planalto --o outro é o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva.

Com Wagner na Casa Civil, além de agradar Lula, Dilma tenta contentar outras lideranças petistas e aliadas que há tempos pediam a cabeça de Mercadante.

E mesmo não sendo diretamente responsável pela coordenação política neste cargo, a aposta é que Wagner consiga melhorar bem a relação do Executivo com o Legislativo, uma vez que já desempenhou esse papel no governo do ex-presidente.

Ao colocar Mercadante de volta ao Ministério da Educação, Dilma não abandona ao sereno --e à primeira instância da Justiça-- aquele que é considerado seu mais fiel auxiliar. Como ministro, ele mantém o foro privilegiado num momento em que é investigado por suposto caixa dois na campanha eleitoral de 2010.

Ao mesmo tempo, com esse movimento, a presidente compensa de alguma forma o PT por dar ao partido a Educação, outro dos ministérios "gordos" em recursos --mesmo em tempos de "seca fiscal", uma pasta "gorda" gasta mais do que uma "magra".

Em paralelo a esses movimentos principais, a presidente deve tirar o status de ministério de algumas secretarias de Estado, fundir outras pastas e acomodar os demais aliados com o que sobrar.

Se ela vai conseguir costurar todos os movimentos com a sintonia fina necessária e se isso tudo vai funcionar e cumprir os propósitos perseguidos, só as próximas semanas e votações dirão.

Mas considerando o comportamento que a chamada base governista vem tendo neste segundo mandato de Dilma, o retorno pode vir a ser bastante modesto.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffLuiz Inácio Lula da SilvaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresReforma política

Mais de Brasil

Lula cobra ação da Vale sobre vítimas do rompimento de barragens em MG

STF forma maioria de votos para condenar homem que quebrou relógio no 8/1

Quem é Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas preso na Espanha

Ex-CEO das Americanas é preso em Madri, diz PF

Mais na Exame