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Cicatrizes que não serão esquecidas: o que contam as obras recuperadas após o 8/01

As obras serão expostas ao longo de três meses no "Salão Verde" da Câmara dos Deputados, a antessala das sessões legislativas que é enfeitada com esculturas e murais

Alguns dos objetos que foram recuperados ou restaurados estão expostos, a partir desta segunda-feira, 8, no Congresso Nacional (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 17h21.

Há um ano, dezenas de obras de arte, móveis antigos e presentes de países estrangeiros foram destruídos, danificados ou roubados no ataque de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro à sede dos Três Poderes, em Brasília.

Alguns dos objetos que foram recuperados ou restaurados estão expostos, a partir desta segunda-feira, 8, no Congresso Nacional, mas com marcas ainda visíveis da destruição do dia 8 de janeiro de 2023.

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O ataque, comparado à invasão do Capitólio em Washington, dois anos antes, por partidários de Donald Trump , foi considerado por muitos como o maior desafio à democracia brasileira desde a última ditadura (1964-1985).

"Marcas históricas"

As obras serão expostas ao longo de três meses no "Salão Verde" da Câmara dos Deputados, a antessala das sessões legislativas que é enfeitada com esculturas e murais.

A Câmara Baixa informou que os objetos "irão intencionalmente manter as marcas históricas (quebras, perdas e manchas) dos danos sofridos".

"A obra caminha no tempo e acontecem coisas com ela que a gente registra e às vezes escolhe deixar marcado. O dia 8 é um evento histórico. Essas obras são testemunhas do dia 8", disse a restauradora da Câmara dos Deputados Aline Rabello ao jornal Folha de S. Paulo.

Também serão exibidas 30 fotos tiradas em 8 de janeiro, que mostram a movimentação dos manifestantes nos corredores legislativos e os danos causados ao patrimônio cultural do Congresso brasileiro.

Vasos e ovo de avestruz

Entre as obras que retornam ao Congresso está um ovo de avestruz, um presente do Sudão em 2012, recebido pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia.

O objeto foi parcialmente restaurado, depois que os invasores o quebraram e algumas de suas peças foram perdidas.

Também estarão expostos fragmentos — que puderam ser encontrados — de um vaso de porcelana dourada que foi doado pela China também em 2012, além de outro oferecido pela Hungria um ano antes.

Na cerimônia coordenada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva também será apresentada uma tapeçaria restaurada do artista e paisagista brasileiro Roberto Burle Marx. Esta peça havia sido arrancada de uma parede do Senado pelos agressores, que a rasgaram e urinaram nela.

Prejuízo milionário

Um dos prédios mais danificados nos ataques foi a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), sobretudo devido à ira dos manifestantes em relação às investigações contra Bolsonaro.

Apenas no STF, 951 itens foram roubados, quebrados ou completamente destruídos, com gastos para a restauração do salão do plenário avaliados em R$ 12 milhões, segundo uma nota enviada pelo Supremo à AFP.

Na Câmara dos Deputados, 54 dos 64 objetos vandalizados foram restaurados, ao custo de mais de US$ 280 mil (R$ 1,3 bilhão na cotação atual), de acordo com a imprensa local. Entre eles, azulejos do mural "Ventania", do mestre brasileiro do abstracionismo geométrico, Athos Bulcão.

O Senado, com cerca de 20 obras danificadas, informou à AFP que apenas a restauração da pintura "Ato de Assinatura da Primeira Constituição", do artista do século XIX Gustavo Hastoy, custará mais de R$ 800 mil.

Acompanhe tudo sobre:CPMI do 8 de janeiroCongressoBrasília

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