Censo 2022 começa nesta segunda: mais de 180 mil recenseadores visitarão os lares brasileiros
Pandemia e falta de recursos atrasaram a maior radiografia do país, que trará dados inéditos sobre quilombolas e autismo. Pesquisadores vão percorrer o Brasil até outubro
Agência O Globo
Publicado em 1 de agosto de 2022 às 06h51.
Última atualização em 1 de agosto de 2022 às 06h52.
O Censo 2022 começa nesta segunda-feira. Os mais de 183 mil recenseadores do IBGE iniciam a visita aos 75 milhões de domicílios brasileiros. O maior levantamento sobre as condições de vida da população, que era para ter acontecido em 2020, teve de ser suspenso pela pandemia e, depois, pela falta de recursos para uma operação que exige mais de R$ 2 bilhões para ser realizada.
O Censo, além de contar os estimados 215 milhões de habitantes, traz um retrato por sexo, idade, instrução, renda, condições do domicílio (se tem água, luz, saneamento, internet e posse de eletrodomésticos), numa visão mais geral.
Um outro questionário, mais extenso e aplicado a 11% das casas, vai investigar sobre trabalho, composição das famílias, fecundidade, migração, religião, deslocamento e pessoas com deficiência.
O Censo 2022 trará algumas investigações inéditas como o retrato das 5.972 comunidades quilombolas. Além do questionário individual, o líder da comunidade vai descrever a infraestrutura do local, recursos naturais, educação, saúde e hábitos da aldeia.
Na pesquisa sobre a população com deficiência, o transtorno do espectro autista também será identificado.
Foi um longo caminho até os milhares de recenseadores irem aplicar os questionários a partir desta segunda-feira. Ainda antes da pandemia, em 2019, o tamanho do questionário foi posto em xeque, provocando protestos em defesa de um censo com mais perguntas, num documento que já tinha sido definida previamente pela comissão que cuida do Censo.
Queda na expectativa de vida
Passado a polêmica sobre quais temas que o censo deveria abordar, passou-se para o gasto. Inicialmente orçado em R$ 3 bilhões, no início de 2019, teve o orçamento reduzido para R$ 2,3 bilhões.
Esse censo é particularmente importante por registrar como a pandemia mexeu com os indicadores socioeconômicos, principalmente as tendências demográficas. Pelos cálculos da economista Ana Amélia Camarano, houve uma queda na expectativa de vida de 4,4 anos do brasileiro em menos de 22 meses de pandemia (entre março de 2020 e dezembro de 2021).
Entre 1980 e 2019, essa esperança de vida crescia quatro meses por ano. Com a nova contagem, será possível mensurar o impacto da Covid-19.
Os primeiros resultados do Censo 2022 devem sair até o fim do ano. Os recenseadores ficarão em campo três meses, até outubro. O suporte por telefone será feito pelo Centro de Apoio ao Censo (CAC), pelo telefone 0800 721 8181 do IBGE.
Os agentes do CAC responderão dúvidas em geral sobre o Censo, o preenchimento do questionário via internet e, se o morador deixar, preencher o questionário em entrevista por telefone.
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