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Caso Marielle: perícia em áudio do condomínio de Bolsonaro durou só 2h25

A perícia nos áudios do condomínio onde mora um dos suspeitos de assassinar Marielle foi realizada um dia após a divulgação do caso pelo Jornal Nacional

Marielle: após perícia de 2h25, o MP do Rio confirmou que o porteiro tinha mentindo em depoimento (Emmanuele Contini/NurPhoto/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de novembro de 2019 às 14h26.

Última atualização em 1 de novembro de 2019 às 14h36.

A perícia nos áudios dos interfones do Condomínio Vivendas da Barra no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco só foi feita um dia após a divulgação do caso pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e ficou pronta em cerca de 2h25, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. A análise das conversas entre um funcionário da portaria e moradores da casa 65/66 foi solicitada oficialmente às 13h05m11s de quarta-feira, 30. Por volta das 15h30, após a perícia, o Ministério Público (MP) afirmou que o porteiro mentiu ao dizer, em depoimento, que um dos acusados do homicídio, Elcio Queiroz, havia pedido para ir na casa 58, que pertence ao presidente Jair Bolsonaro.

Além disso, todas as sete perguntas feitas pelo MP para os peritos fazem referência à casa 65/66, de Ronnie Lessa, acusado de participar do crime junto com Queiroz. Os dois estão presos desde março de 2019. No ofício do MP, encaminhado na quarta à coordenadora de Segurança e Inteligência do MP do Rio, Elisa Fraga de Rego Monteiro, não há nenhuma questão sobre a casa 58 - como é presidente, Bolsonaro só pode ser investigado com autorização do Supremo Tribunal Federal.

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Em entrevista ao Jornal Nacional na noite de quarta-feira, o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que, "provavelmente" no mesmo dia analisou e arquivou informações sobre a suspeita de que Bolsonaro autorizou a entrada de um suspeito de matar Marielle no condomínio onde tem uma casa.

O MP tem os áudios com as conversas entre a portaria e as casas pelo menos desde o dia 14 de outubro. Durante a entrevista coletiva de quarta, promotoras do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) disseram que os áudios da portaria mostram que a autorização para Queiroz entrar no condomínio foi dada por Lessa e afirmaram que não havia qualquer gravação da suposta conversa entre o porteiro e algum morador da casa 58.

Sobre a possibilidade de algum áudio do computador da portaria ter sido excluído ou renomeado, o MP respondeu na noite de quinta-feira: "Na mídia enviada não há indícios de adulteração no dia 14/03 ou qualquer outro dia dos analisados entre os meses de janeiro e março. Todos os registros de entrada constantes nas planilhas foram confrontados com os registros de voz".

A integridade da gravação e a possibilidade de adulteração é a primeira das seis perguntas feitas pelas promotoras aos peritos. Elas também perguntam se a voz que autoriza a entrada de Queiroz é mesmo de Lessa e pedem todas as ligações atendidas pelo suspeito.

Na mesma nota, o MP confirmou que formalizou os quesitos da perícia no dia 30, mas que o material tinha sido enviado para análise em 15 de outubro.

Na terça-feira, reportagem do Jornal Nacional mostrou que Queiroz teria pedido para ir à casa 58 quando chegou ao condomínio, horas antes do assassinato de Marielle. Ainda segundo o JN, o porteiro teria anotado que "seu Jair" dera autorização para que o suspeito entrasse. Bolsonaro estava em Brasília no dia. O Estado não teve acesso ao livro de ocorrências do condomínio, onde estariam as anotações do porteiro.

Promotora

Uma das promotoras do Ministério Público do Rio que investigam o assassinato da vereadora Marielle Franco fez publicações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais e já postou foto com o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL), conhecido por quebrar uma placa com o nome da vereadora. Carmen Eliza Bastos de Carvalho participou nesta quinta-feira, 31, da coletiva de imprensa na qual o MP afirmou que o porteiro do condomínio Vivendas da Barra mentiu ao relacionar Bolsonaro com Elcio Vieira de Queiroz, um dos réus presos por envolvimento no crime. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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