Caso Marielle: munições foram jogadas em rio que teve curso d’água ampliado por prefeitura, diz PF
Investigadores chegaram a realizar diligências no local, mas não localizaram vestígios das provas
Agência de notícias
Publicado em 25 de março de 2024 às 13h38.
Última atualização em 25 de março de 2024 às 13h38.
Na delação premiada firmada com a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República, Ronnie Lessa relatou que as munições que sobraram das execuções de Marielle Franco e Anderson Gomes foram jogadas em um rio. Os investigadores chegaram a realizar diligências no local, mas, por ter havido uma obra para a ampliação do curso d’água pela prefeitura, os vestígios das provas não foram localizados.
À PF, Lessa contou que, dois ou três dias após uma reunião com Chiquinho e Domingos Brazão em abril de 2018, foi com Edmilson Macalé, Robson Calixto Fonseca, o Peixe, e Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho, a Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.
O local é um dos berços da milícia da cidade e reduto eleitoral dos irmãos, presos neste domingo por suspeitas de serem o mandante dos homicídios. Contra o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, o delegado Rivaldo Barbosa, também foi cumprido um mandado de prisão preventiva por supostamente ter agido para protegê-los.
No depoimento, Lessa contou ainda que, ao chegar próximo ao rio, permaneceu no interior do veículo enquanto Macalé foi, ao encontro de Peixe e Fininho. Ele então entregou um bolsa onde estaria uma submetralhadora HK MP5, a arma utilizada no crime, e as munições sobressalentes.
Peixe, segundo Lessa, deixou a bolsa no banco do carona de seu carro, sacou os carregadores de seu interior e se dirigiu a um córrego a dois metros dali, se debruçando sobre uma cerca e dispensou as munições sobressalentes na água.
Diante das informações repassadas por Lessa, os investigadores estiveram na região apontada por ele como sendo a utilizada no descarte dos projéteis. “Para nossa surpresa constatou-se que, em vez de um córrego, havia um rio no local”, afirma a PF, em relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal ( STF ).
“De acordo com moradores da região, a Prefeitura do Rio de Janeiro teria realizado obras de desassoreamento do córrego por volta de seis meses antes da incursão, onde tratores e caminhões foram utilizados no trabalho, o que ampliou o curso d’água e, consequentemente, inviabilizou a diligência. Porém, a equipe constatou que realmente existia uma cerca separando o córrego da Avenida Engenheiro Souza Filho”, escrevem os policiais.