Candidatos ao governo de SP divergem quanto ao uso de câmeras por policiais
Medida é criticada pelo ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e elogiada por Fernando Haddad (PT)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de julho de 2022 às 15h52.
Última atualização em 27 de julho de 2022 às 16h27.
A instalação de câmeras em uniformes de policiais virou tema eleitoral e confronta os pré-candidatos líderes de intenção de voto para o governo de São Paulo . A medida, implementada no começo do ano passado pelo ex-governador João Doria e levada adiante pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB), é criticada pelo ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, e elogiada por Fernando Haddad (PT), além do próprio Garcia.
Como mostrou o Estadão, os dispositivos ajudam a explicar a queda da letalidade policial ao menor nível desde 2005, embora não sejam apontados como os únicos responsáveis por isso. A iniciativa funciona em 58 batalhões do estado, através de 8,1 mil equipamentos. A expectativa é que até o fim do próximo mês este total chegue a mais de 10 mil.
Em entrevistas e publicações nas redes sociais, os pré-candidatos fazem questão de demarcar suas posições sobre o tema, considerado relevante. Com a percepção de violência em alta na capital paulista, a segurança pública caminha para ser uma das grandes questões às quais os postulantes ao governo precisarão apresentar respostas neste ano. O petista Fernando Haddad, que aparece na dianteira das pesquisas de intenção de voto para o Bandeirantes, já prometeu que, se eleito, vai manter a iniciativa implementada por Doria e tentar aprimorá-la.
"Vou manter as câmeras nos uniformes policiais e fazer um plano de metas de redução da criminalidade, com aumento da resolutividade dos crimes associado a um plano de valorização dos trabalhadores da segurança — tanto policiais civis, quanto policiais militares", afirmou, no fim de maio.
Já Tarcísio de Freitas critica o equipamento e defende reavaliar o uso. O ex-ministro bolsonarista defende que o estado "monitore os criminosos", não a polícia, e classificou o programa como um "voto de desconfiança" aos agentes de segurança.
"Câmera é inibidor da tomada de decisão, é um voto de desconfiança que você dá para o policial", afirmou, em entrevista à revista Veja. "Às vezes, é inibidor daquela pessoa que quer fazer uma denúncia, e aquele policial não recebe aquela denúncia; às vezes, ele mesmo sente falta de amparo jurídico para atuar: 'Opa, tem uma ocorrência ali, mas é confusão, não vou me meter'. Então, esse é o questionamento que eu faço (...) Sou bastante refratário ao mecanismo", disse.
O governador Rodrigo Garcia, que tem atribuições sobre a Polícia Militar no estado, defende o equipamento. A assessoria do tucano afirmou que ele é "totalmente favorável" a manter o programa, se reeleito. Em entrevista ao programa Roda Viva no começo de julho ele comemorou a redução da letalidade após a instalação das câmeras. "Nós estamos vivendo uma baixa letalidade policial em São Paulo. Temos várias ações da Polícia Militar com o uso de câmeras corporais que estão servindo para filmar os bandidos e proteger os policiais", afirmou.
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