Campeão de dengue em SP, Jaguaré tem lixo espalhado nas ruas
De acordo com o mais recente balanço da Prefeitura, distrito chegou a 1.010 casos da doença por 100 mil habitantes neste ano
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2014 às 08h16.
São Paulo - Campeão de casos de dengue em São Paulo neste ano, o distrito do Jaguaré, na zona oeste, já registra a maior incidência da doença por bairro desde 2010, último dado disponível no site da Secretaria Municipal da Saúde.
De acordo com o mais recente balanço da Prefeitura, antecipado nesta quinta-feira, 24, pelo Estado, o distrito chegou a 1.010 casos por 100 mil habitantes neste ano.
O recorde anterior de um bairro foi registrado há quatro anos, quando o Butantã, também na zona oeste, teve 393,4 casos por 100 mil habitantes.
Acima de 300, o índice já é considerado alto pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Jaguaré, que tem 0,44% da população paulistana, responde por 16% do total de casos. Mesmo com o surto, ainda há descaso do poder municipal e da população em relação ao controle dos criadouros do mosquito Aedes aegypti.
O Estado esteve no bairro nesta quinta-feira e encontrou vias tomadas por lixo.
Na Avenida Onófrio Milano, a montanha de sujeira e entulho é tanta que sobra apenas uma pequena faixa para a passagem de veículos.
"Faz uns dois meses que está assim. A coleta fica até 15 dias sem passar", disse a estudante Viviane Albuquerque, de 17 anos. A um quarteirão dali, na Avenida Torres de Oliveira, a situação é semelhante.
"Tem um monte de potinho e latinha que juntam água quando chove e facilitam a criação do mosquito", disse o serralheiro Antonio Joaquim Vicente Junior, de 31 anos, que trabalha na frente do lixão a céu aberto. Ele pegou dengue há 15 dias.
Ponto Viciado
Questionada sobre o lixo, a Prefeitura afirmou que a coleta domiciliar é feita diariamente na região.
Informou também que alguns locais, como a Avenida Torres de Oliveira, recebem a Operação Cata Bagulho semanalmente.
A administração disse que as avenidas citadas pela reportagem "são pontos viciosos de lixo e entulho" e é necessária a colaboração da população. O descarte irregular é crime ambiental, com multa de até R$ 15 mil.
A Secretaria da Saúde disse que continua intensificando as ações de combate aos criadouros do mosquito no bairro, com visitas domiciliares diárias.
"A cada notificação, os agentes visitam a casa do doente para eliminar criadouros", disse Wilma Morimoto, da Coordenação de Vigilância em Saúde.