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Campanha de Marçal aposta em “ondas” e no voto envergonhado para repetir "efeito Dória” de 2016

Entorno do candidato do PRTB trabalha com hipótese de ele vencer a disputa na capital paulista no primeiro turno

Marçal: candidato aposta em "ondas" para seguir sendo notícia na reta final (Lourival Ribeiro e Rogerio Pallatta/SBT/Divulgação)
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 2 de outubro de 2024 às 10h53.

Última atualização em 2 de outubro de 2024 às 11h57.

A campanha do influenciador Pablo Marçal (PRTB) vai focar em carreatas por toda a cidade e quer anunciar o time de secretários de um eventual governo nesta reta final das eleições.

A ideia, segundo um dos interlocutores do candidato, é mostrar que Marçal está preparado para governar a cidade — e seguir sendo notícia até o fim da campanha.

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“Vamos mostrar o time para o eleitor entender que estamos preparados. Teremos a melhor equipe”, diz um membro do QG de Marçal.

Segundo o próprio candidato, em entrevista ao UOL após o debate da última segunda-feira, a estratégia é criar “quatro ondas” até o fim do primeiro turno, em uma estratégia que, em sua avaliação, melhor se aproxima da atual economia da atenção — uma teoria que estrutura a forma de gerenciar informações e trata a atenção humana como um bem escasso.

Na prática, essas ondas, argumentam membros da campanha, representam estratégias de comunicação, e novos acontecimento, para manter o candidato e um eventual governo em evidência. A principal ferramenta para difundir sua mensagem vai seguir sendo suas redes sociais, que têm mais de 5,5 milhões de seguidores.

Nesta terça-feira, 1, o ex-coach anunciou os secretários de Gestão e Esporte de uma eventual gestão. Na semana anterior, o economista Marcos Cintra e  o médico Wilson Pollara também foram apresentados pelo candidato.

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Postura polêmica nos debates

O influenciador se colocou como o centro da discussão da corrida eleitoral quando, nos primeiros debates, teve uma postura pouco convencional no meio político, com xingamentos e ataques diretos e fortes aos adversários.

Sobre os ataques aos adversários nos debates, a campanha defende que isso não é por escolha, mas por necessidade. Em seu entorno, vale a mesma visão de que Ricardo Nunes (MDB) tem uma administração "pífia" e Guilherme Boulos (PSOL) não teria capacidade de gerir uma cidade do tamanho de São Paulo. Daí a "necessidade" — quase messiânica — de Marçal concorrer e vencer, e para isso atacar os adversários com virulência.

Seu discurso, que mistura promessas de prosperidade e críticas ao sistema político, conquistou parte do eleitorado que apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, e que não vê em Nunes uma figura genuinamente bolsonarista.

O ex-coach aparece bem posicionado em um primeiro pelotão da disputa com o atual prefeito e com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

Segundo o agregador EXAME/IDEIA, Nunes tem 25%, Boulos, 25%, e Marçal, 24%. O candidato do PRTB tem buscado atrair mais faixas de eleitores para chegar ao segundo turno.

Hoje, segundo as pesquisas eleitorais divulgadas, o voto de Marçal vem, em sua maioria, de homens, de alta renda e evangélicos. Mas, conforme se tornou mais conhecido, o influenciador também viu sua rejeição aumentar pela sua postura única.

Segundo o QG de Marçal, essa rejeição é “natural” pelo estilo do influenciador, mas o candidato tem potencial de superar esse patamar para vencer o pleito.

Expectativa de vitória no primeiro turno

O entorno e o próprio candidato do PRTB acreditam em uma vitória no primeiro turno, segundo pelo menos duas pesquisas internas da campanha.

A visão é que Marçal pode repetir o feito de João Doria nas eleições de 2016, quando o então candidato do PSDB venceu o pleito após sair de um patamar de 6% em julho para mais de 30% na véspera da eleição.

A campanha garante que o sentimento nas ruas mostra que Marçal tem chances de vencer no primeiro turno.

“Você não vê um eleitor do Nunes na rua. Mas pergunta para as pessoas se elas vão votar em Marçal”, diz um aliado.

O cenário, porém, se mostra mais desafiador que em 2016, uma vez que enquanto Doria crescia os demais concorrentes derretiam nas pesquisas. Neste ano, Boulos aparece ter um eleitor consolidado, na casa dos 20%, e Nunes se recuperou e está numericamente à frente dos adversários na maioria das pesquisas.

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