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Cai resistência à candidatura de Bolsonaro nas Forças Armadas

Mudança de posição, no entanto, não se transformou em um apoio ao pré-candidato

Jair Bolsonaro: comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, diz que a oposição a Bolsonaro deixou de existir (Facebook/Jair Bolsonaro/Reprodução)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 09h07.

Última atualização em 17 de janeiro de 2018 às 11h06.

Brasília - O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) quebrou a resistência a seu nome dentro da cúpula das Forças Armadas.

Essa mudança de posição, no entanto, não se transformou em um apoio ao pré-candidato, que deve se filiar ao PSL em março para disputar o Palácio do Planalto.

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O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, diz que a oposição a Bolsonaro deixou de existir, mas, mesmo o deputado sendo um capitão do Exército na reserva, ele não pode ser apontado como candidato da corporação.

"Institucionalmente, a posição das Forças Armadas é a mesma em relação a todos os candidatos, somos uma instituição de Estado. Bolsonaro deixou de ser militar há 30 anos. Atualmente, é um político, igual aos demais que estão se movimentando neste cenário para as eleições de 2018", afirmou o general ao jornal O Estado de S. Paulo.

Generais, brigadeiros e almirantes da ativa consultados pela reportagem avaliaram que o fato de o deputado ter defendido a tropa durante as sessões da Comissão da Verdade, no governo da presidente cassada Dilma Rousseff, ajudou a romper as críticas.

Além disso, atualmente quatro dos 15 generais que integram o Alto Comando do Exército são colegas de Bolsonaro na turma de 1977 da Academia Militar das Agulhas Negras.

Nos últimos anos, o deputado também tem mantido contato informal com oficiais-generais, da ativa e da reserva, incluindo o alto comando das três Forças e participado constantemente das formaturas de turmas de oficiais.

Prisão

A oposição ao nome do deputado nas Forças vinha do fim dos anos 1980, quando ele deixou o Exército por criticar em artigos os "salários baixos" da corporação, estando na ativa.

Ainda capitão, foi preso no quartel, em setembro de 1986, por conceder entrevistas sobre os salários e depois investigado pela acusação de ter elaborado um suposto plano para explodir um duto do Rio Guandu.

Foi absolvido pelo Supremo Tribunal Militar (STM). Em seus mandatos na Câmara dos Deputados - foi eleito pela primeira vez em 1991 e está na sétima legislatura -, conseguiu mais desafetos com discursos duros contra a cúpula das Forças Armadas. "O passado já é passado. Então, não pesa neste aspecto", disse Villas Bôas.

Questionado sobre a posição do general de Exército Antônio Hamilton Mourão, que afirmou que Bolsonaro "é um dos nossos", Villas Bôas disse que "não encampa" essa ideia.

"Individualmente, como os militares e a família vão votar, não tenho condições de avaliar qual é a tendência", afirmou o comandante.

Na ocasião, Mourão afirmou: "O deputado Bolsonaro já é um homem testado, é um político com 30 anos de estrada, conhece a política. E é um homem que não tem telhado de vidro".

A declaração do general Mourão foi dada em palestra em Brasília no fim do ano passado, quando ele ainda estava no Comando Militar do Sul, de onde foi afastado por suas declarações políticas, proibidas pelo regulamento militar.

Para oficiais ouvidos pela reportagem, um dos pontos a favor de Bolsonaro como candidato à Presidência é o fato de ele não ser investigado em casos de corrupção.

Os militares demonstram, no entanto, preocupação com o temperamento intempestivo do deputado federal e a filiação a um partido pequeno.

Formaturas

Bolsonaro compareceu no ano passado a praticamente todas as cerimônias de formaturas de escolas militares. Foi ovacionado em algumas ocasiões e é requisitado para selfies com os formandos.

Desde seu primeiro mandato, o deputado já ouviu gritos de "líder, líder", em uma formatura da Academia Militar das Agulhas Negras, e de "mito, mito", em uma escola de formação de praças da Marinha.

Emendas

Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast mostra que o pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro destinou 59,2% do total de suas emendas parlamentares para atividades relacionadas às Forças Armadas.

Dos R$ 76 milhões indicados pelo deputado em emendas entre 2014 e 2017, R$ 45 milhões tiveram essa destinação.

O deputado reservou recursos para Marinha, Exército e Aeronáutica. A maior parte das rubricas orçamentárias foi para assistência médica e odontológica de servidores e militares, unidades de saúde, compra de equipamentos e ambulâncias, além da modernização de hospitais militares.

Quase todos os anos, ele garantiu verba para a Academia Militar das Agulhas Negras, onde se formou, e à brigada paraquedista do Exército. Procurado, o deputado não respondeu à reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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