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Braskem: órgão ambiental apura causa da morte de peixes em lagoa onde fica mina em Maceió

Vídeo mostra centenas de animais sem vida nas margens da laguna Mundaú; mineradora afirma que não lança qualquer efluente nas águas

Braskem: vídeo mostra centenas de animais sem vida nas margens da laguna Mundaú (ROBSON BARBOSA/AFP/Getty Images)

Braskem: vídeo mostra centenas de animais sem vida nas margens da laguna Mundaú (ROBSON BARBOSA/AFP/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 5 de janeiro de 2024 às 14h50.

Última atualização em 30 de janeiro de 2024 às 12h26.

O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) apura a causa da mortandade de peixes registrada na Lagoa Mundaú, em Maceió, no último dia do ano passado. Milhares de animais apareceram sem vida nas águas da laguna, que fica na área onde a mineradora Braskem explora sal-gema na capital alagoana.

O órgão ambiental informou ao O Globo que coletou amostras da água. Este material será submetido a análise laboratorial. "Os resultados devem ficar prontos em pelo menos sete dias úteis, a contar da data da coleta", diz o comunicado.

Um vídeo viralizou nas redes sociais após ser compartilhado nesta quarta-feira, 3. As imagens mostram a margem da lagoa repleta de peixes mortos. "Feliz Ano Novo? Para quem? Para os nossos sururuzeiros, marisqueiras e pescadores o ano não começa feliz. Recebo essas imagens com muita tristeza no primeiro dia do ano", diz a legenda.

As imagens chegaram ao IMA-AL. "Após receber denúncia por meio de um vídeo sobre mortandade de peixes na Laguna Mundaú, técnicos do laboratório do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) percorreram vários trechos da laguna, no final da tarde do domingo, 31. As equipes também estiveram em outros pontos da laguna, na última segunda-feira, 1º", explicou o órgão.

Poluição

A Braskem afirmou, em nota, que os resultados do monitoramento da água na Lagoa Mundaú "até o momento não indicam alteração no padrão típico de qualidade, segundo avaliação feita por especialistas da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e Instituto do Meio Ambiente, divulgada em 18 de dezembro último".

A empresa acrescentou que não lança qualquer efluente nas águas da lagoa. "O trabalho realizado pela Braskem na região está relacionado com o fechamento dos poços para extração de sal e todas as atividades são devidamente licenciadas e fiscalizadas", diz a nota.

O monitoramento da UFAL, mencionado pela Braskem, sustenta que "um dos grandes problemas da laguna Mundaú, já bastante estudado, analisado e divulgado, é a contaminação por esgotos não tratados e agrotóxicos".

"Nestas águas, já encontramos solventes, compostos de Btex (iniciais dos nomes dos seguintes hidrocarbonetos: Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos) e lançamento de esgotos não tratados", afirmou o professor Emerson Soares, pesquisador da área de Ecologia Aquática, no programa Ufal e Sociedade, ao site da UFAL.

"Já encontramos ali fluoroacetamida, DDT, endrin… são pesticidas, herbicidas e defensivos agrícolas lançados de forma irregular. Esse material chega na laguna através do rio Mundaú", finaliza o docente.

Resultado da análise

Em nota técnica publicada nesta terça-feira, 30, o instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) afirmou que a mortandades de peixes na Laguna Mundaú no início deste ano não teve relação com o deslocamento da mina 18 da Braskem, onde a mineradora explora sal-gema em Maceió.

Segundo a equipe multidisciplinar do IMA, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a morte dos peixes na região estão ligada ao nível elevado de degradação da laguna, constatado nas amostras analisadas, além de outras características preocupantes relacionadas a altas temperaturas, lançamento de efluente industriais e domésticos, drenagem urbana, presença de agroquímicos, resíduos químicos, a exemplo de derivados de combustíveis, e o acúmulo de matéria orgânica acentuada no leito da laguna.

*Matéria atualizada em 30/01/2024 com o resultado da análise 

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