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Brasil atrai 60% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento na AL

Junto com o Brasil, Argentina, Chile e México concentram 90% desse investimento na América Latina

Pesquisa com células-tronco: relatório da Unesco analisa dados de antes da crise de 2008 (Guillermo Giansanti/INFO)
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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2010 às 17h36.

Paris - O Brasil representa 60% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) da América Latina, mas os valores totais para a região "continuam insuficientes", segundo o relatório sobre ciência divulgado nesta quarta-feira pela Unesco.

Quatro países - Brasil, Argentina, Chile e México - concentram 90% dos investimentos em P&D de toda a região, destaca o documento, que acrescenta que os valores investidos são baixos e, além disso, canalizados através de fundos públicos, quase à margem da iniciativa privada.

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"Os baixos investimentos em P&D continuam sendo o calcanhar de Aquiles da América Latina, exceto no Brasil, que representa 60% das despesas em pesquisa e desenvolvimento da região", ressalta o relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

O relatório, que analisa dados de 2007 (ou seja, antes da crise econômica e financeira), revela que os investimentos brutos em pesquisa e desenvolvimento na América Latina e no Caribe só alcançaram 0,67% do Produto Interno Bruto (PIB) da região.

Nos países ricos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média de gastos na área foi de 2,28% no período.

No entanto, a Unesco afirma que os investimentos na América Latina aumentaram desde os últimos dados, referentes a 2002.


"A proporção de publicações da região mencionadas em 2008 no índice de revistas de ciências alcançou somente 4,9%, e mais da metade dessa percentagem correspondeu ao Brasil (2,7%)", acrescenta o relatório, que revela ainda que Estados Unidos, Europa e Japão são os líderes em investimentos nessa área.

"O papel desempenhado pela América Latina neste âmbito é totalmente irrelevante, assim como o dos países de África e Ásia", afirma.

Além disso, dois terços dos investimentos em P&D na região ainda "são financiados com fundos estatais, dos quais 40% são canalizados para universidades e o resto para institutos públicos de pesquisa", revela a Unesco, que ressalta que nos países da OCDE ocorre o inverso.

"Mais de dois terços dos recursos destinados a P&D nesses países procedem do setor empresarial", afirma o texto.

Outro dos desafios que a região enfrenta é a fuga de cérebros, incentivada por "baixos salários e insuficiente utilização do capital humano a nível nacional".

"A fuga de cérebros alcança uma percentagem muito elevada em países como Nicarágua (30,9%) e Cuba (28,9%), além de quantidades também significativas em México (14,13%) e Colômbia (11%), e reduzidas em Brasil (3,3%) e Argentina (4,7%)", afirma o relatório, que destaca que muitos dos cientistas que emigram vão para os Estados Unidos.

Por último, a Unesco revela que em seis dos países da região as mulheres ocupam entre 30% e 55% do total de postos para pesquisadores em instituições de ensino superior, uma percentagem mais elevada do que a da maioria das regiões do mundo, inclusive que a da União Europeia (UE).

"Apesar de seus pontos fracos, a região conseguiu alcançar uma posição de destaque no cenário mundial em relação a algumas tecnologias de vanguarda", revela a Unesco.

A organização ressalta que o "Brasil ocupa a 18º posição" entre os países com mais publicações sobre nanotecnologia e "Cuba se situa à vanguarda das tecnologias de produção de vacinas".

Além disso, Costa Rica "criou uma indústria de tecnologia de informação de categoria mundial", enquanto que o Brasil chegou a ser líder no desenho de aviões a reação, na produção eficiente de soja, laranjas e café e na transformação de cana-de-açúcar em etanol.

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