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Foco no agronegócio, não nas queimadas: Bolsonaro vai ao Mato Grosso

O estado vive situação de calamidade com o aumento de focos de incêndio no Pantanal, mas visita do presidente deve ter foco no agronegócio

O presidente Jair Bolsonaro, que visita hoje o norte de Mato Grosso: o maior produtor de grãos vem investindo na produção de etanol para diversificar sua fonte de receita (Alan Santos/PR/Flickr)
EY

Ernesto Yoshida

Publicado em 18 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 18 de setembro de 2020 às 06h38.

O presidente Jair Bolsonaro deve visitar na manhã desta sexta-feira (18) as cidades de Sinop e Sorriso, no norte de Mato Grosso , onde participa da inauguração de usinas de etanol de milho e de uma solenidade para dar início ao plantio da nova safra de soja. A visita acontece num momento em que o estado vive em estado de calamidade por causa da propagação de incêndios florestais.

A programação da visita do presidente, em princípio, não prevê nenhuma ação relacionada aos incêndios, que atingem sobretudo o Pantanal , bioma que se estende entre o sul de Mato Grosso e o norte de Mato Grosso do Sul. Segundo o Ibama, o fogo já consumiu pelo menos 2,9 milhões de hectares do Pantanal, área correspondente a 19 vezes o território da cidade de São Paulo.

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Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que houve um aumento de mais de 200% nas queimadas no Pantanal entre 1º de janeiro e 16 de setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Na segunda-feira (14), o governador Mauro Mendes (DEM) decretou o estado de emergência no estado para poder contratar equipes e comprar materiais em regime de emergência. Segundo Mendes, a longa estiagem – são mais de 100 dias sem chuva – e a baixa umidade relativa do ar são fatores que têm favorecido a propagação do fogo.

Na quarta-feira, Bolsonaro declarou que considera “desproporcionais” as críticas internacionais ao aumento de queimadas no Brasil. “A Califórnia está ardendo em fogo, a África tem mais foco que o Brasil”, disse. Ontem, ao visitar o interior da Paraíba para inaugurar uma usina fotovoltaica, Bolsonaro afirmou que “o Brasil está de parabéns” pela forma como preserva o meio ambiente.

Hoje, a previsão é que Bolsonaro chegue ao aeroporto de Sinop em um avião da FAB às 7h30, acompanhado do ministro Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura, e da ministra Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Eles devem seguir para inaugurar uma usina de etanol de milho em Sinop, de propriedade da Inpasa, empresa que produz etanol também no Paraguai.

Depois, o presidente e comitiva devem seguir para o município de Sorriso, onde deve inaugurar a primeira etapa de uma nova usina de etanol de milho da FS Bioenergia, que já tem outra unidade produtora no estado, em Lucas do Rio Verde – a primeira usina de etanol do milho do Brasil, inaugurada há três anos pelo presidente Michel Temer .

Maior produtor de milho do Brasil, Mato Grosso tem apostado no etanol como uma fonte alternativa de receita. O estado conta hoje com 13 usinas de etanol, sendo sete de cana, três flex (cana e milho) e três de milho. Dos mais de 30 bilhões de litros de etanol produzidos no país na última safra, menos de 5% foram obtidos a partir do milho. Os outros 95% foram produzidos a partir da cana.

A vantagem da cana é sua produtividade. Em média, em um hectare é possível produzir cana suficiente para obter até 8.000 litros de etanol, enquanto um hectare de milho rende em torno de 3.500 litros de etanol. O milho, no entanto, pode ajudar a manter os preços do combustível mais estáveis ao longo do ano, uma vez que é possível produzir o grão na entressafra da cana, quando os estoques de etanol diminuem.

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