Brasil

Bolsonaro agora diz que militares seguem "o norte indicado pela população"

O presidente Bolsonaro ressaltou que o seu governo respeita os militares e que esses são a "base" de sua missão

Jair Bolsonaro: na segunda-feira passada, sob pressão pela atuação do governo na pandemia de covid-19 e o atraso na entrega de vacinas, o presidente recorreu novamente ao tom mais ideológico em conversa com apoiadores (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: na segunda-feira passada, sob pressão pela atuação do governo na pandemia de covid-19 e o atraso na entrega de vacinas, o presidente recorreu novamente ao tom mais ideológico em conversa com apoiadores (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 12h55.

Depois de dizer que são as Forças Armadas que decidem se o povo vive em uma democracia ou ditadura, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 20, que os militares seguem "o norte indicado pela população".

O chefe do Executivo participou nesta manhã de evento em comemoração aos 80 anos de história do Comando da Aeronáutica. Bolsonaro ressaltou que o seu governo respeita os militares e que esses são a "base" de sua missão. O presidente também disse que prega a paz e a harmonia e que setores que remam em sentido contrário "perderão".

"O Brasil vem experimentando mudanças ao longo dos últimos dois anos. Umas das mais importantes, temos um presidente da República que juntamente com seu Estado Maior ministros acreditam em Deus, respeitam os seus militares, fato raro nas últimas três décadas em nosso país. E, também, deve lealdade absoluta ao seu povo. Nós militares das Forças Armadas seguimos o norte indicado pela nossa população", declarou.

Na segunda-feira passada, sob pressão pela atuação do governo na pandemia de covid-19 e o atraso na entrega de vacinas, o presidente recorreu novamente ao tom mais ideológico em conversa com apoiadores. Ele afirmou que as Forças Armadas são o "último obstáculo para o socialismo" e que "quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são as suas Forças Armadas". As declarações repercutiram mal entre parlamentares e outros setores da sociedade.

No evento de hoje, Bolsonaro fez referências às críticas direcionadas ao governo e disse pregar a harmonia e a paz. "No mais, quando somos atacados, dependendo da onde vem esses fogos, tenho certeza que estamos no caminho certo. Eu prego e zelo pela união de todos, pelo entendimento, pela paz, e pela harmonia, mas os poucos setores que teimam remar em sentido contrário, tenho certeza, vocês perderão", disse.

"Hoje nós temos um governo que pensa no seu Brasil como um todo e a grande base nossa para cumprir essa missão é ou são a nossa Marinha, o nosso Exército e a nossa Aeronáutica", acrescentou. Bolsonaro também lembrou que a Força Aérea foi criada em meio à Segunda Guerra Mundial e que desde o início atuou do lado da liberdade e da democracia.

O presidente destacou ainda a atuação da FAB para ajuda do governo federal a Manaus, que enfrenta lotação do sistema de saúde e falta de suprimento de oxigênio. O apoio para a entrega da doses da vacina Coronovac também foi citado. "Também a nossa Força Aérea, nessa primeira parte da entrega de vacinas no Brasil, cumpriu a sua missão no 'Dia D menos um'. Isso é motivo de orgulho", afirmou.

Este foi o primeiro evento militar que Bolsonaro participou em 2021. No ano passado, os compromissos ligados às Forças Armadas foram maioria na agenda do presidente, que prestigia cerimônias militares como aceno a uma de suas principais bases eleitorais. O dia 20 de janeiro marca a criação do então Ministério da Aeronáutica em 1941. A solenidade foi promovida pela Força Aérea na Ala 1, Base Aérea de Brasília.

Acompanhe tudo sobre:DemocraciaDitaduraGoverno BolsonaroJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Envenevamento e execução: o que a PF revelou sobre o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Militares eram ligados a Bolsonaro e plano para matar Lula ‘não ocorreu por detalhe’, diz ministro

Quem são os 'kids pretos', alvos de operação da PF que apura plano para matar Lula, Alckmin e Moraes