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BNDES e BC caminham em direções opostas, diz economista

Professor Mário Juan da Silva Leal afirma que “quanto mais baixa é a TJLP, maior a taxa Selic”

Empréstimos subsidiados do BNDES enfraquecem a política monetária do Banco Central (Divulgação)

Empréstimos subsidiados do BNDES enfraquecem a política monetária do Banco Central (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2011 às 14h47.

São Paulo – O governo brasileiro adotada atitudes contraditórias no combate à inflação. Por um lado, eleva a taxa básica de juros para frear a economia. Por outro, libera o BNDES para emprestar com juros de longo prazo subsidiados.

A avaliação é do macroeconomista da Confederação Nacional do Comércio Mário Juan da Silva Leal, que participou do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.

O especialista lembra que o Conselho Monetário Nacional é o responsável pela definição da meta de inflação (4,5%) e da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) (6%), e que o presidente do Banco Central é um dos três integrantes do órgão (ao lado dos ministros da Fazenda e do Planejamento). “Na verdade, o Conselho Monetário administra as duas (TJLP e Selic), porque o Conselho dá a diretriz para o Banco Central.”

“O mesmo governo que usa uma TJLP baixa é obrigado a ter uma taxa Selic alta para fazer o equilíbrio da economia. Na verdade, a contradição vem de dentro do próprio governo. O BNDES põe dinheiro subsidiado na rua à vontade e sobra para o Banco Central o papel solitário de elevar a Selic. É por isso que o Brasil tem a maior Selic do mundo”, diz Leal.

O economista afirma que o Banco Central é sacrificado duplamente. “Do lado fiscal, o governo toca fogo na economia e, do outro lado, diz para o Banco Central ‘se vira, meu amigo’ no combate à inflação”.

Mário Juan da Silva Leal, que também é professor da Fundação Getúlio Vargas e da FK Partners, explica que o BNDES tem influência direta na economia, pois é o único financiador realmente de longo prazo. “A TJLP, num país como o Brasil, é extremamente importante, pois a estrutura de juros dada pelo mercado vai até, no máximo três anos. Não há títulos de longo prazo como acontece em países desenvolvidos. Então, a TJLP tem o papel de sinalizar o longo prazo. O governo tem mantido a TJLP muito baixa, o que sinaliza que o BNDES dará subsídios. (...) Na verdade, quanto mais baixa a TJLP, maior tem que ser a taxa Selic.”

Na entrevista (para ouvi-la na íntegra, clique na imagem ao lado), o economista da Confederação Nacional do Comércio também avalia o cenário internacional e seus possíveis impactos na inflação brasileira.

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