João Leite (PSDB): BH foi abandonada pelo PT
Camila Almeida Foi dada a largada para as campanhas eleitorais nos mais de 5.000 municípios brasileiros. Na última segunda-feira, terminou o prazo para que os partidos registrassem suas candidaturas. Nesta terça-feira, começam as brigas por votos. EXAME Hoje inicia, junto com as campanhas, uma série de entrevistas com candidatos à prefeitura em capitais de todas […]
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2016 às 16h22.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h15.
Camila Almeida
Foi dada a largada para as campanhas eleitorais nos mais de 5.000 municípios brasileiros. Na última segunda-feira, terminou o prazo para que os partidos registrassem suas candidaturas. Nesta terça-feira, começam as brigas por votos. EXAME Hoje inicia, junto com as campanhas, uma série de entrevistas com candidatos à prefeitura em capitais de todas as regiões do país.
Para abrir a série, João Leite, candidato do PSDB em Belo Horizonte. O ex-goleiro do Atlético Mineiro, formado em História, cumpre seu sexto mandato como deputado estadual. Há mais de vinte anos na política mineira, encabeçou projetos como a iluminação de mais de 1.000 campos de futebol e o programa estadual de proteção às testemunhas. Na Assembleia Legislativa, enquanto deputado, presidiu as comissões de Direitos Humanos e Segurança Pública.
O senhor tem o apoio do senador Aécio Neves em sua campanha. Mas, nas duas eleições anteriores, Aécio fez campanha para o atual prefeito, Márcio Lacerda, do PSB. Por que agora a coligação se desfez?
Estamos saindo com o PPS de vice. Será o professor Ronaldo Gontijo, vereador de cinco mandatos. Na nossa aliança, temos também DEM, PB, PRB e PRTB, o que nos dá 2min43seg de televisão, um bom tempo para apresentarmos nossa proposta. Ficou fora da aliança original o PSB por escolha do prefeito, mas aquele grupo que serviu a Minas Gerais por doze anos, sob a liderança do governador Aécio Neves, permanece junto, se mantém fiel. Estamos muito satisfeitos com a presença desses partidos na nossa aliança e com o vice escolhido.
O nome de Aécio Neves foi citado na Lava-Jato, e o PSDB também teve problemas com Narcio Rodrigues, em Minas, que foi preso sob a acusação de desvio de verbas enquanto secretário do governo de Antônio Anastasia. O partido está desgastado no estado?
O PSDB tem uma excelente imagem em Minas Gerais. É importante dizermos que o senador Aécio Neves, na candidatura dele à presidência, perdeu no norte de Minas, mas venceu em Belo Horizonte com uma expressiva margem. Os governos do PSDB em Minas Gerais são bem avaliados. Sentimos uma frustração da população com a mudança que aconteceu [ o atual governador é Fernando Pimentel, do PT ]. Nas últimas eleições municipais de Belo Horizonte, quando apoiamos o prefeito Márcio Lacerda, vencemos. Portanto, continuamos com uma posição de destaque, de respeito, em Belo Horizonte e em Minas Gerais.
Mas as denúncias de corrupção que estão em curso não vão atrapalhar sua campanha?
Estamos para responder a cada uma das denúncias. Os homens públicos sempre têm de estar à disposição da imprensa e da população para responder a todas as questões.
O apoio de Aécio Neves pode dar um caráter mais nacional pra sua campanha?
A campanha é importante para o meu partido, o PSDB. Algumas pessoas podem dizer que o grande programa do Brasil é o Bolsa Família, e eu falo sempre que foi o Plano Real. Eu tenho um sonho de que o nosso país retorne àquele tempo em que nós experimentamos essa travessia no Brasil, com a liderança do presidente Fernando Henrique Cardoso. Nós vínhamos de uma moeda totalmente desmoralizada e, ali, o salário do brasileiro passou a ter valor. Também foram criados os marcos legais, como a Lei de Responsabilidade Fiscal. Se não houvesse essa lei no Brasil, nós não teríamos a constatação dos equívocos administrativos da presidente Dilma. Hoje, um dirigente pode ser punido pela má gestão, pela falta de cuidado no gerenciamento do dinheiro público. Para nós, no PSDB e no Brasil, é um momento importante.
Como o senhor avalia a gestão do Lacerda? Ele tem sido muito criticado por privatizar parques públicos, do metrô, mas principalmente com a criação da PBH Ativos, empresa criada para gerenciar PPPs do município. O senhor acha que esse é o melhor modelo de gestão para BH?
O prefeito Lacerda foi reeleito com o nosso apoio, fizemos parte do governo dele. Ele é respeitado como gestor, tem as contas da prefeitura equilibradas, mesmo com essa situação econômica do país. Mas nosso programa de governo propõe mudanças. Agora mesmo está em curso uma proposta de mudança do Plano Diretor, que altera todas as regras de investimento e de empreendedorismo na cidade. A cidade tem um Plano Diretor e uma Lei de Uso e Ocupação do Solo muito recentes, de 2010. Queremos parar qualquer mudança, porque é fundamental criar um ambiente de equilíbrio e ter regras claras, para dar segurança aos investidores.
Quais são as prioridades hoje em Belo Horizonte?
Eu vejo três eixos fundamentais. O primeiro é o da segurança pública e o da saúde. Nós temos um aumento de 40% nos crimes na região de Belo Horizonte e gastamos muito com internações e cirurgias. Para isso, vamos criar o programa Cidade Cuidadora, para garantir investimentos na Guarda Municipal e na universalização do programa de saúde da família, focado na prevenção. O nosso segundo eixo é a Cidade Dinâmica, em que vamos buscar uma agenda de desenvolvimento econômico com foco na economia criativa. Temos aqui São Pedro Valley, um polo de startups, e queremos estimular o potencial que Belo Horizonte já tem na moda, na cultura, na gastronomia. Em terceiro lugar, a Cidade Transparente, com os gastos, os contratos, as obras da prefeitura sendo auditados e acompanhados em tempo real pela população.
Expandir o metrô, sem novas obras há mais de dez anos, é uma das prioridades?
As últimas sete estações foram inauguradas no governo Fernando Henrique Cardoso. Belo Horizonte ficou isolada, abandonada com a gestão do PT. Um descaso monumental. Na minha infância, Belo Horizonte tinha 78 km de bonde, hoje nós temos um metrô de 27 km que não interliga nada com nada, não chega nem ao centro. Eu, como protagonista da vida dessa cidade, irei à Brasília buscar os recursos que pertencem à população de Belo Horizonte. Vamos reativar o bonde, interligado com o MOVE [ sistema de ônibus similar ao BRT ] e interligado com o metrô.
O governo federal está sem dinheiro. Não é o caso de pensar num município que consiga ser cada vez mais independente?
Todo esse dinheiro federal é recolhido nos municípios. Não existe vida só em Brasília, Belo Horizonte é contribuinte do governo federal. Não é possível que Minas Gerais continue em 15º lugar em repasse na saúde, atrás de estados menores, como Tocantins. Nós fomos rejeitados pelos governos do PT. Há um pacto federativo que foi rompido. Enquanto aguardávamos que o governo federal pudesse devolver o dinheiro de Belo Horizonte, de Minas Gerais, investiam em estradas na Bolívia, investiam em metrô em Caracas. Isso é inaceitável. O Brasil se transformou em uma República Federativa – e essa é minha área porque sou formado em História – porque o império concentrava na Corte todo o dinheiro. O Brasil viveu uma revolução por conta disso. Belo Horizonte está com dificuldades e nós não vamos permitir isso. Eu vou buscar os recursos para a minha cidade.