Às vésperas da posse, Câmara vive clima de campanha eleitoral
Com a expectativa da reeleição, Rodrigo Maia deve abrir espaço para ao menos nove partidos nas cadeiras disponíveis na Mesa Diretora, em sua chapa
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 09h09.
Brasília - Totens em tamanho real, distribuição de panfletos e maratona de colagem de adesivos nas portas dos gabinetes mostram que a Câmara dos Deputados entrou em ritmo de campanha a dois dias da eleição para a Mesa Diretora.
Quem chegava ao Congresso na manhã desta quarta-feira, 30, pela entrada principal, conhecida como Chapelaria, era recebido por um cartaz em tamanho real com a imagem do deputado João Henrique Caldas (PSB-AL), que disputa a presidência da Casa.
Pelos corredores, cabos eleitorais distribuíam panfletos não apenas para os que buscam a liderança, mas também para os que concorrem a outras posições na Mesa, como os da deputada Soraya Santos (PR-RJ) e Fernando Giacobo (PR-PR), ambos pela primeira-secretária.
Em seu panfleto, Giacobo promete atendimento personalizado aos outros 512 deputados, além de "modernização administrativa e tecnológica de todos os setores".
Também candidato à presidência da Casa, o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) distribuiu banners e panfletos com os dizeres "Diálogo, harmonia, simplicidade, compromisso e democracia".
Conhecido por oferecer refeições em seu gabinete - como ocorreu nesta quarta -, principalmente durante longas votações, Ramalho esteve recentemente no Palácio do Planalto, onde se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro. Levou uma sacola com queijos e goiaba.
Mas o PSL, partido de Bolsonaro, é uma das legendas que declararam apoio a Rodrigo Maia (DEM-RJ), candidato à reeleição e favorito na disputa.
O atual presidente da Câmara pode ter ao seu lado 15 partidos, que juntos totalizam mais de 300 deputados. Aliados dão como certa a recondução dele e falam em vitória em primeiro turno, mesmo prevendo uma margem de "traição" dentro destas legendas.
Na campanha, Maia viajou para buscar apoios em São Paulo, Goiás e outros Estados, além de preferir as redes sociais.
Pelo Instagram, fez uma lista dos seus dez compromissos "para uma Câmara independente". Entre os itens, a promessa da pauta antecipada para ajudar os deputados a se prepararem para os debates no plenário. Maia também listou como número sete da sua lista a transparência máxima para o banco de dados da Câmara.
Espaço na Mesa
Com a expectativa da reeleição, Maia deve abrir espaço para ao menos nove partidos nas cadeiras disponíveis na Mesa Diretora, em sua chapa.
O presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, foi aclamado na terça-feira, em reunião da bancada, como o nome da legenda para disputar a primeira vice-presidência.
O presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), deve ficar com a segunda-vice-presidência, seguindo o acordo feito entre o partido e Maia, em janeiro.
Em troca pelo apoio da bancada, o PSL ficou com o comando de duas comissões importantes, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a de Finanças e Tributação (CFT), além da segunda- vice-presidência da Câmara.
O PR quer se manter na Primeira-Secretaria. Mas há disputa interna entre o atual ocupante do posto, Giacobo e a deputada Soraya Santos, que tem o amplo apoio da bancada feminina.
Nas outras três secretarias, o PP de Arthur Lira (AL), que desistiu de concorrer à Presidência, deve ter uma cadeira.
Devem disputar a vaga os deputados Hiran Gonçalves (AM) ou André Fufuca (MA).
O PSD quer colocar Fabio Faria (RN) e o PDT tem dois nomes para emplacar, Dagoberto Nogueira Filho e Mario Heringer (MG). Em relação às quatro suplências disponíveis, a tendência é se dividam entre MDB, PT e PSDB.
Todos os cargos, no entanto, permitem candidaturas avulsas de deputados e o cenário pode mudar na última hora.
Além de Maia, seguiam na disputa pela Presidência da Câmara até a tarde de ontem Ricardo Barros (PP-PR), João Henrique Caldas - JHC (PSB-AL), Fábio Ramalho (MDB-MG), Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Marcel van Hattem (Novo) e General Peternelli (PSL).
Trâmite
A eleição da Mesa Diretora, marcada para sexta-feira, 1, será presidida por Gonzaga Patriota (PSB-PE). Todos os cargos permitem candidaturas avulsas de deputados, ou seja, eles podem ser indicados por blocos parlamentares.
O registro das candidaturas poderá ser feito até as 17 horas.