Após saída de Teich, ministério diz que vai ampliar uso de cloroquina
Presidente Jair Bolsonaro já havia dito que o governo mudaria o protocolo para prescrição massiva da cloroquina para quem contraiu covid-19
Reuters
Publicado em 15 de maio de 2020 às 21h11.
Última atualização em 16 de maio de 2020 às 10h45.
O Ministério da Saúde informou, na noite desta sexta-feira, que está finalizando novas orientações para assistência de pacientes com Covid-19 visando "iniciar um tratamento antes do seu agravamento e necessidade de utilização de UTI" que inclui a ampliação do uso da cloroquina , horas após a saída de Nelson Teich, que resistia à adoção massiva do medicamento.
O comunicado do ministério não fala expressamente na adoção da cloroquina, mas a assessoria de imprensa da pasta confirmou que as novas orientações de assistência incluem o uso da cloroquina para pacientes leves com Covid-19.
"Assim, o documento abrangerá o atendimento aos casos leves, sendo descritas as propostas de disponibilidade de medicamentos, equipamentos e estruturas, e profissionais capacitados", diz o ministério no comunicado.
"As orientações buscam dar suporte aos profissionais de saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) e acesso aos usuários mais vulneráveis às melhores práticas que estão sendo aplicadas no Brasil e no mundo", finalizou a pasta, em nota.
Na véspera, antes da demissão de Teich, o presidente Jair Bolsonaro havia dito em uma transmissão por redes sociais que o governo mudaria o protocolo para prescrição massiva da cloroquina para quem contraiu a doença.
Essa mudança no protocolo de uso do medicamento, nos bastidores, é tida como uma das razões para a saída de Teich em menos de um mês no cargo e no momento em que tem havido um expressivo aumento do número de casos e mortes pelo novo coronavírus no país.
Dias atrás, em uma postagem em uma rede social, Teich havia dito que a cloroquina é prescrita para pacientes hospitalizados e outros casos excepcionais e fez um alerta de que o medicamento pode causar eleitos colaterais.
"Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o 'Termo de Consentimento' antes de iniciar o uso da cloroquina", ressalvou.
Apesar da insistência do presidente com a cloroquina, estudos realizados no país e no mundo afora não comprovaram a eficácia da medicação em pacientes com Covid-19.
O antecessor de Teich, Luiz Henrique Mandetta, também questionou o eventual uso mais massivo da cloroquina na doença.
O Brasil registrou nesta sexta-feira um novo recorde diário de casos confirmados de coronavírus, com a contabilização de mais 15.305 infecções, o que eleva o total para 218.223, segundo dados do Ministério da Saúde. As mortes causadas pela doença já somam 14.817 pessoas.