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Após governo, mercado privado suspende negociações de compra da Covaxin

Mercado privado diz que houve atrasos na previsão de entregas do imunizante indiano e que vai aguardar conclusão da CPI no Senado

Vacina Covaxin, do laboratório Bharat Biotech. (STR/NurPhoto/Getty Images)

Vacina Covaxin, do laboratório Bharat Biotech. (STR/NurPhoto/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 30 de junho de 2021 às 12h37.

Última atualização em 30 de junho de 2021 às 12h45.

A Associação Brasileira de Clínicas de Vacina (ABCVAC) decidiu suspender as negociações de compra da vacina indiana Covaxin. A decisão ocorreu em decorrência de atrasos na entrega do imunizante, que tinha previsão inicial de estar disponível no Brasil no mês de abril. A última data informada pela Precisa Medicamentos previa que o primeiro lote chegaria ao país até o fim de julho.

Outro fator que pesou foram as supostas irregularidades na aquisição da vacina por parte do Ministério da Saúde. Apesar da compra só envolver o poder público, as clínicas optaram por aguardar a conclusão da investigação que está no centro do debate da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado.

“O contrato de parceria perdeu seu objeto com a impossibilidade de entrega de vacinas no prazo acordado. Desde então a Diretoria da ABCVAC não manteve mais nenhum tipo de relacionamento com a Precisa e estamos aguardando que sejam devidamente apuradas todas as graves denúncias expostas na CPI”, diz uma nota enviada à EXAME.

A vacina indiana Covaxin era a aposta do mercado privado para trazer um imunizante contra a covid-19 ao Brasil. A negociação envolvia um lote de 5 milhões de doses. Em entrevista exclusiva à EXAME há duas semanas, o presidente da ABCVAC, Geraldo Barbosa, disse que havia uma expectativa muito grande para a chegada do primeiro carregamento em julho, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitir o certificado de boas práticas do laboratório na Índia.

No começo do ano, uma comissão da entidade viajou até a Ásia, a convite da Precisa Medicamentos, para conhecer a fábrica da Bharat Biotech, onde é produzida a vacina Covaxin. A empresa brasileira foi indicada pelo laboratório indiano para intermediar as negociações no Brasil.

Segundo o comunicado da ABCVAC, ficou a cargo de cada uma das clínicas associadas negociar diretamente a aquisição da Covaxin com a Precisa Medicamentos.  “Cada clínica associada, de posse das informações comerciais apresentadas pela Precisa, fez a sua escolha de fechar ou não os seus contratos individuais, cientes de que a sua conclusão dependia das aprovações regulatórias inerentes a legislação sanitária brasileira”, afirma a associação.

Ministério da Saúde também suspendeu negociação

O Ministério da Saúde também suspendeu o contrato de compra da vacina indiana Covaxin. A decisão foi tomada na terça-feira, 29, por recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU), sugerindo a suspensão do contrato. A medida é cautelar e temporária "para uma análise mais aprofundada do órgão de controle", disse a pasta em comunicado à EXAME. O acordo foi firmado em fevereiro deste ano para a aquisição de 20 milhões de doses do imunizante, fabricado pelo laboratório Bharat Biotech.

O contrato está no centro das investigações da CPI da pandemia no Senado Federal. O servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, denunciou supostas irregularidades na compra do imunizante a um preço muito superior ao praticado por outros laboratórios. O valor do contrato é de 1,6 bilhão de reais, o que dá um preço de 15 dólares por dose. O montante já foi reservado pelo governo, mas ainda não foi pago.

Em depoimento na sexta-feira, 25, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), irmão de Luis Ricardo, colocou no olho do furacão o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR). De acordo com o parlamentar, ao levar a informação de uma possível corrupção no processo de compra da vacina, o presidente Jair Bolsonaro teria dito que era “coisa” do Barros.

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