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Após protestos, Sartori cria grupo para avaliar crise no RS

Manifestantes protestaram em diferentes cidades do estado pelo parcelamento do salário dos servidores estaduais

José Ivo Sartori (PMDB), governador do Rio Grande do Sul: Espero que ninguém se desespere, que todos tenham serenidade de ter um comportamento adequado neste momento" (Denis Ribeiro/Exame)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2015 às 07h41.

Porto Alegre - Após um dia de protestos em diferentes cidades do Rio Grande do Sul pelo parcelamento do salário de julho de 48% dos servidores estaduais, o governador José Ivo Sartori (PMDB) reuniu representantes do Legislativo e do Judiciário para tratar das finanças do Estado.

O encontro, que durou cerca de três horas, culminou com uma breve entrevista coletiva de Sartori. A única medida anunciada foi a criação de um grupo técnico que irá buscar saídas para a crise gaúcha.

O objetivo, segundo o governador, será "olhar toda a realidade financeira do Rio Grande do Sul e trabalhar para encontrar as alternativas que são necessárias".

O comitê técnico terá a participação de dois nomes de cada órgão que estava presente no encontro de hoje - Executivo, Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública e Tribunal de Contas do Estado.

Na coletiva, Sartori não respondeu a perguntas sobre a possibilidade de repetir o parcelamento no próximo mês, nem revelou como os demais poderes podem auxiliar no combate à crise.

"Nós não podemos adentrar na vida dos outros poderes. Cada poder tem a sua legitimidade, cada instituição tem a sua autonomia", afirmou. O governador tampouco comentou sobre o conjunto de propostas que deverá apresentar à Assembleia Legislativa ainda esta semana para combater a crise. O secretariado já admite que os projetos incluirão aumento de alíquota de ICMS e, possivelmente, a extinção e fusão de fundações públicas.

Esta foi a primeira entrevista de Sartori desde o anúncio do parcelamento na última sexta-feira, quando a tarefa de detalhar o calendário de pagamento ficou a cargo de um grupo de secretários. Naquele dia, o governador não atendeu a imprensa e preferiu fazer um pronunciamento à sociedade por meio de um vídeo publicado nas redes sociais.

Na entrevista desta segunda-feira à noite, o governador disse que as manifestações dos servidores são democráticas e voltou, mais uma vez, a pedir compreensão aos gaúchos.

"Queremos que todos olhem e vejam que nós fizemos um esforço desde o primeiro dia de governo para mostrar esta realidade (financeira). Todo mundo aqui é testemunha de que nós em todos os momentos procuramos pelo menos pagar em dia (os salários). Desta vez não foi possível porque a realidade financeira não permite", argumentou. "Espero que ninguém se desespere, que todos tenham serenidade de ter um comportamento adequado neste momento."

Após um dia inteiro de protestos de trabalhadores e paralisações em muitas áreas, a maior parte das atividades deve ser retomada nesta terça-feira.

Apesar da trégua, os servidores acenam com a possibilidade de convocar uma greve geral a partir do dia 18, quando a iniciativa será votada em assembleia geral de todos os sindicatos que representam o funcionalismo estadual.

"Eu acredito que todo mundo vai pensar e olhar para o bem do Rio Grande", disse Sartori sobre a possibilidade de greve. "Com solidariedade vamos trabalhar juntos, sem desespero, e sem afrontas, e sem provocações."

Balanço

Chamada de "Dia da Indignação" pelos servidores, esta segunda-feira foi marcada por mobilizações em diversas cidades gaúchas, afetando serviços essenciais como segurança pública.

Na capital, Porto Alegre, efetivos da Brigada Militar estavam a postos nas ruas, mas em número menor. A Polícia Civil também reduziu as atividades, e nas delegacias foram registrados apenas casos graves. Além disso, algumas escolas estaduais ficaram fechadas no período da manhã.

Devido à diminuição do efetivo de policiais nas ruas, algumas agências bancárias também permaneceram fechadas por precaução. Nos transportes, os coletivos da Carris, uma das principais empresas de ônibus de Porto Alegre - que atende cerca de 300 mil pessoas por dia -, ficaram sem circular durante a manhã e boa parte da tarde.

As paralisações em muitos casos se estenderam a municípios do interior, e foram acompanhadas de protestos e passeatas.

No final da manhã, representantes dos servidores estaduais foram recebidos pelo chefe da Casa Civil do Rio Grande do Sul, Márcio Biolchi, mas a reunião não levou a nenhum acordo. Por isso, os setores prometem se reunir para tratar de uma possível greve geral no dia 18.

O governo anunciou o parcelamento na última sexta-feira, alegando o agravamento da crise financeiro. A linha de corte da primeira parcela, paga nesta sexta-feira, é de R$ 2.150 mil - isso significa que a totalidade dos servidores recebeu esta quantia.

Uma segunda parcela no valor de R$ 1 mil será desembolsada até 13 de agosto. Os profissionais com vencimentos superiores a R$ 3,150 mil só receberão o restante em uma terceira parcela, que será quitada até 25 de agosto.

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Porto Alegre - Após um dia de protestos em diferentes cidades do Rio Grande do Sul pelo parcelamento do salário de julho de 48% dos servidores estaduais, o governador José Ivo Sartori (PMDB) reuniu representantes do Legislativo e do Judiciário para tratar das finanças do Estado.

O encontro, que durou cerca de três horas, culminou com uma breve entrevista coletiva de Sartori. A única medida anunciada foi a criação de um grupo técnico que irá buscar saídas para a crise gaúcha.

O objetivo, segundo o governador, será "olhar toda a realidade financeira do Rio Grande do Sul e trabalhar para encontrar as alternativas que são necessárias".

O comitê técnico terá a participação de dois nomes de cada órgão que estava presente no encontro de hoje - Executivo, Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública e Tribunal de Contas do Estado.

Na coletiva, Sartori não respondeu a perguntas sobre a possibilidade de repetir o parcelamento no próximo mês, nem revelou como os demais poderes podem auxiliar no combate à crise.

"Nós não podemos adentrar na vida dos outros poderes. Cada poder tem a sua legitimidade, cada instituição tem a sua autonomia", afirmou. O governador tampouco comentou sobre o conjunto de propostas que deverá apresentar à Assembleia Legislativa ainda esta semana para combater a crise. O secretariado já admite que os projetos incluirão aumento de alíquota de ICMS e, possivelmente, a extinção e fusão de fundações públicas.

Esta foi a primeira entrevista de Sartori desde o anúncio do parcelamento na última sexta-feira, quando a tarefa de detalhar o calendário de pagamento ficou a cargo de um grupo de secretários. Naquele dia, o governador não atendeu a imprensa e preferiu fazer um pronunciamento à sociedade por meio de um vídeo publicado nas redes sociais.

Na entrevista desta segunda-feira à noite, o governador disse que as manifestações dos servidores são democráticas e voltou, mais uma vez, a pedir compreensão aos gaúchos.

"Queremos que todos olhem e vejam que nós fizemos um esforço desde o primeiro dia de governo para mostrar esta realidade (financeira). Todo mundo aqui é testemunha de que nós em todos os momentos procuramos pelo menos pagar em dia (os salários). Desta vez não foi possível porque a realidade financeira não permite", argumentou. "Espero que ninguém se desespere, que todos tenham serenidade de ter um comportamento adequado neste momento."

Após um dia inteiro de protestos de trabalhadores e paralisações em muitas áreas, a maior parte das atividades deve ser retomada nesta terça-feira.

Apesar da trégua, os servidores acenam com a possibilidade de convocar uma greve geral a partir do dia 18, quando a iniciativa será votada em assembleia geral de todos os sindicatos que representam o funcionalismo estadual.

"Eu acredito que todo mundo vai pensar e olhar para o bem do Rio Grande", disse Sartori sobre a possibilidade de greve. "Com solidariedade vamos trabalhar juntos, sem desespero, e sem afrontas, e sem provocações."

Balanço

Chamada de "Dia da Indignação" pelos servidores, esta segunda-feira foi marcada por mobilizações em diversas cidades gaúchas, afetando serviços essenciais como segurança pública.

Na capital, Porto Alegre, efetivos da Brigada Militar estavam a postos nas ruas, mas em número menor. A Polícia Civil também reduziu as atividades, e nas delegacias foram registrados apenas casos graves. Além disso, algumas escolas estaduais ficaram fechadas no período da manhã.

Devido à diminuição do efetivo de policiais nas ruas, algumas agências bancárias também permaneceram fechadas por precaução. Nos transportes, os coletivos da Carris, uma das principais empresas de ônibus de Porto Alegre - que atende cerca de 300 mil pessoas por dia -, ficaram sem circular durante a manhã e boa parte da tarde.

As paralisações em muitos casos se estenderam a municípios do interior, e foram acompanhadas de protestos e passeatas.

No final da manhã, representantes dos servidores estaduais foram recebidos pelo chefe da Casa Civil do Rio Grande do Sul, Márcio Biolchi, mas a reunião não levou a nenhum acordo. Por isso, os setores prometem se reunir para tratar de uma possível greve geral no dia 18.

O governo anunciou o parcelamento na última sexta-feira, alegando o agravamento da crise financeiro. A linha de corte da primeira parcela, paga nesta sexta-feira, é de R$ 2.150 mil - isso significa que a totalidade dos servidores recebeu esta quantia.

Uma segunda parcela no valor de R$ 1 mil será desembolsada até 13 de agosto. Os profissionais com vencimentos superiores a R$ 3,150 mil só receberão o restante em uma terceira parcela, que será quitada até 25 de agosto.

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