Após capital de SP antecipar feriado, prefeito de Santos diz: "Não venham"
Na quinta-feira, 18, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, decidiu antecipar feriados municipais. Preocupação é de que aumente a transmissão da covid-19 no litoral
Gilson Garrett Jr
Publicado em 19 de março de 2021 às 13h22.
Última atualização em 19 de março de 2021 às 16h04.
O governo de São Paulo suspendeu, pela primeira vez, a chamada Operação Subida e Descida no Sistema Anchieta-Imigrantes. O esquema facilita o fluxo de carros no sentido da Baixada Santista ou no sentido da capital paulista aos finais de semana. A medida começa já nesta sexta-feira, 19, e vai até o dia 30, podendo ser ampliada.
"O objetivo é desestimular o aumento de fluxo de veículos para o litoral. A gente quer reforçar com essa mudança que quarentena não é férias", disse o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 19.
A medida ocorre um dia após a capital paulista antecipar feriados municipaispara tentar evitar o colapso generalizado do sistema de saúde.A decisão foi tomada após a cidade atingir 88% de ocupação de leitos de UTI para covid-19 e registrar o primeiro óbito na fila de espera de leitos.
A antecipação coloca como feriados os dias 26, 29, 30 e 31 de março e 1º de abril. O dia 2 de abril já era feriado nacional, Paixão de Cristo. Com isso, a semana do megaferiado vai de 26 de março, uma sexta, até a Páscoa, 4 de abril, um domingo. Veja como fica o calendário.
Em coletiva de imprensa no começo da manhã desta sexta-feira, 19, o governador João Doria criticou a decisão isolada da capital paulista, sem consultar o governo estadual. Na visão dele, a medida pode impactar os municípios do litoral, que também estão com o sistema de saúde pressionado. A taxa de ocupação de leitos de UTI na Baixada Santista está em 81%.
O prefeito de Santos, Rogério Santos, disse nesta sexta-feira que todas as medidas que são tomadas pela cidade de São Paulo mudam a rotina dos municípios do litoral. "É momento de pedir, não saiam de casa. Não venham para a Baixada Santista. É um apelo que eu faço em nome de todos os prefeitos", afirmou ele em entrevista coletiva ao lado do vice-governador de São Paulo.
O estado de São Paulo atingiu o maior número de solicitações de vagas de enfermaria e de UTI para pacientes com a covid-19 desde o início da pandemia. Foram 3.380 pedidos apenas na quinta-feira, 18. Isso fez aumentar ainda mais a taxa de ocupação de leitos de UTI no estado de São Paulo para 90%. Na Grande São Paulo a ocupação está em 91%. Nos últimos três dias foram registradas mais de 600 mortes causadas pela doença por dia.
Restrições da fase "emergencial"
Desde a segunda-feira, 15, todo o estado entrou em uma quarentena chamada "emergencial", que tem validadeaté o dia 30 de março. Além de só permitir o funcionamento de serviços essenciais, como farmácias, supermercados e postos de gasolina, estãoproibidos os cultos religiosos e jogos de futebol. Fica obrigatório ainda o teletrabalho para serviços administrativos.
Pela primeira vez, o estado determinou um toque de recolher. É proibido circular nas ruas em todo o estado das 20h às 5h sem que haja um motivo justificável, como voltar do trabalho ou ir a um atendimento médico urgente, por exemplo. Os agentes de segurança fazem blitze para verificar o motivo das pessoas estarem fora de casa. Apesar disso, não há multa ou punição, apenas orientação.
Regras
- Apenas atividades essenciais podem funcionar, como supermercados, açougues, padarias, feiras livres, farmácias, postos de gasolina, petshops
- Comércio, shoppings, academias, salões de beleza, bares precisam ficar fechados
- Restaurantes: é permitida a entrega (delivery) por 24h. A compra sem sair do carro ( drive-thru ) vale das 5h às 20h. Consumo no local e a retirada direta de comida são proibidos
- Teletrabalho de serviços administrativos é obrigatório
- Parques e praias ficam fechados
- Venda de bebida alcoólica só é permitida entre 6h e 20h
- Qualquer tipo de aglomeração é proibido
- Toque de recolher das 20h às 5h
- Escolas estaduais ficam fechadas por 15 dias. Redes municipal e privada têm autonomia para decidir