Ampliação de aterro afeta Cumbica e arredores, alertam ambientalistas
Se a medida for aprovada, o aterro ficará a menos de 5 km do cone de aproximação das aeronaves
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de maio de 2018 às 14h02.
São Paulo - O projeto que tem como objetivo ampliar o aterro sanitário CGR Pereira, no município de Guarulhos (SP), está sendo alvo de críticas por parte dos ambientalistas. Se a ampliação for aprovada, o aterro ficará a menos de 5 km do cone de aproximação das aeronaves em Cumbica, segundo o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam). O aeroporto André Franco Montoro, localizado em Guarulhos, é o maior da América Latina em número de passageiros e opera cerca de 800 voos diários.
Na avaliação da entidade, a ampliação vai contra a legislação de segurança portuária, que prevê um perímetro de 20 km para garantir a segurança de operação dos aeroportos. Exceções podem ocorrer a critério do órgão ambiental, mas para Carlos Bocuhy, conselheiro do Conama e presidente do Proam, no caso de Guarulhos, haverá um grave prejuízo não só à segurança do aeroporto como à população que vive nas proximidades.
"O que está ocorrendo em Guarulhos é um absurdo em termos de gestão territorial. O problema não é só a excessiva proximidade do cone de aproximação de Cumbica, mas também da população do entorno. A norma ABNT recomenda que a população fique pelo menos a 500 metros do aterro e, com a ampliação, estará a cerca de 100 metros", afirma.
Segundo Bocuhy a situação é muito preocupante, já que a operação do aterro, uma vez licenciada, se dará por 20 anos. "Um exemplo do risco é o atrativo que a operação do lixo traz para urubus. O choque com um urubu, devido à velocidade da aeronave, pode representar um impacto de 300 kg."
O aterro CDR opera no local há cerca de 20 anos e está com sua vida útil esgotada. O empreendimento pleiteia agora uma ampliação de atividade para disposição de resíduos urbanos para mais 20 anos, expandindo suas atividades em direção aos bairros vizinhos. O processo está tramitando na Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
Segundo Bocuhy, o projeto não possui viabilidade ambiental em função de sua alternativa locacional e deve ser objeto de contestação por parte da comunidade local e das autoridades aeroportuárias, como o Comando da Aeronáutica (Coman) e a Infraero.