AGU pede que governo de Minas Gerais volte a pagar dívida de R$ 160 bilhões com a União
Em parecer ao STF, ministro Jorge Messias contrariou pedido de governador Zema por aumento de prazo de carência, mas abriu opção menos desfavorável
Agência de notícias
Publicado em 13 de julho de 2024 às 09h57.
Em manifestação enviada na noite desta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, contrariou um pedido do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), para ampliar o prazo de carência de pagamento da dívida do estado.
No parecer, a AGU defendeu que o governo Zema volte a quitar parcelas da dívida com a União, que gira em torno de R$ 160 bilhões, e cujo pagamento está congelado desde 2018 devido a sucessivas liminares no STF.
A orientação da AGU, contudo, é para que o pagamento seja retomado "como se estivesse" em um regime de recuperação fiscal, com parcelas mais enxutas.
Messias se manifestou no processo atendendo a um pedido do ministro do STF Edson Fachin, depois que Zema requisitou à Corte para que estendesse o período de carência até o fim de agosto. O governo de Minas argumenta que a prestação de serviços públicos ficará prejudicada se o estado tiver que retomar os pagamentos de parcelas da dívida pública.
Zema sugeriu ainda que a Corte aguarde a deliberação pelo Congresso Nacional de um projeto, apresentado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que busca repactuar as dívidas dos estados.
Na sua manifestação, a AGU argumentou que a negociação em torno do projeto de Pacheco, que ainda depende de aval do Ministério da Fazenda, "não é justificativa suficiente" para mais uma extensão do período de carência do governo de Minas. O parecer cita que Zema já conseguiu adiamentos sucessivos do pagamento das parcelas, e que o próprio governador já se disponibilizou anteriormente a quitar parte da dívida com a União, desde que em condições mais favoráveis.
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Originalmente, o governo Zema conseguiu congelar o pagamento da dívida sob o argumento de que a Assembleia Legislativa vinha se recusando a colocar em votação o projeto do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O regime, apresentado pelo governo de Minas em 2019 e analisado pelos deputados estaduais no fim de 2023, prevê a retomada dos pagamentos em 11,11% do valor "cheio" das parcelas no primeiro ano. O percentual subiria gradativamente durante nove anos.
De acordo com a AGU, nova extensão do prazo de adesão de Minas à recuperação fiscal precisaria estar atrelada, desde já, à retomada dos pagamentos nos moldes do regime.
"Diante do exposto, a União, mais uma vez, pleiteia que eventual nova prorrogação do prazo para ingresso no Regime de Recuperação Fiscal do Estado de Minas Gerais seja condicionada à observância das contrapartidas impostas pelo ordenamento jurídico sobre o tema, em especial, a retomada do pagamento das parcelas de seu refinanciamento com o Ente central, como se no Regime de Recuperação Fiscal estivesse", escreveu Messias.
O parecer da AGU argumentou que esta é uma alternativa menos danosa ao estado, considerando que a não homologação do regime levaria à "necessidade de pagamento de toda a dívida em apenas 24 (vinte e quatro) meses". Já a recuperação fiscal prevê o parcelamento em 360 meses, ou 30 anos.
Nesta semana, o governo Zema já havia solicitado que a Assembleia Legislativa de Minas coloque em votação o projeto do RRF, devido ao temor da exigência de retomar o pagamento integral da dívida.