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Aécio enfrenta prova de fogo após alerta sobre fantasmas

Depois da “desconstrução” de Marina, tucano será o único alvo da máquina de campanha do Partido dos Trabalhadores no segundo turno

Aécio Neves (PSDB): candidato tucano enfrenta a presidente Dilma no segundo da eleição presidencial (Dado Galdieri/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2014 às 17h30.

Brasília - Aécio Neves , que saiu de trás e disputará o segundo turno da eleição presidencial no Brasil, subiu praticamente incólume porque a artilharia da campanha estava apontada para outros lados. Agora ele não terá esse luxo.

Com Aécio em terceiro lugar nas pesquisas durante seis semanas antes da eleição de 5 de outubro, a presidente Dilma Rousseff concentrou seus ataques na adversária Marina Silva, enquanto Marina endereçou a maior parte de suas críticas à candidata à reeleição.

Após um surpreendente segundo lugar nas urnas, Aécio será o único alvo da máquina de campanha do Partido dos Trabalhadores, que executou o que o vice-presidente da República, Michel Temer, chamou de “desconstrução” de Marina.

A única pesquisa publicada depois do primeiro turno, até o momento, mostra Aécio à frente de Dilma.

Para vencer o segundo turno, em 26 de outubro, Aécio terá que tranquilizar os eleitores de baixa renda de que seus planos para cortar gastos e trazer a inflação para dentro da meta não minarão os benefícios sociais que ajudaram a tirar 22 milhões de pessoas da pobreza extrema depois que Dilma assumiu.

Ele precisa também convencer aqueles que votaram em Marina no primeiro turno de que está em melhor posição que Dilma para cumprir a promessa de Marina de limpar a política, disse Carlos Manhanelli, consultor de marketing eleitoral em São Paulo.

“Ele terá que mostrar que não é o bicho-papão que o farão parecer”, disse Manhanelli, por telefone. “Além disso, ele precisará angariar os votos de Marina levantando a bandeira da renovação, mostrando que Dilma não significa uma mudança, mas sim a continuidade da estagnação econômica”.

Publicidades mentirosas

Aécio tem 49 por cento de apoio do eleitorado, contra 41 por cento de Dilma, com 5 por cento de indecisos e 5 por cento dizendo que não votariam, segundo uma pesquisa publicada ontem no site da revista Época.

Realizada pela Paraná Pesquisas, a sondagem tem uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Na sede de campanha de Aécio, nesta semana, os assessores preparavam anúncios de TV que apontarão como mentiras as afirmações de Dilma de que ele pretende acabar com os investimentos em programas sociais e de que seu partido queria privatizar a Petrobras, segundo um assessor que pediu anonimato porque a estratégia não é pública.

Os anúncios mostrariam que Aécio apresentou um projeto ao Congresso para garantir o financiamento de longo prazo do Bolsa Família, o programa do governo de transferência de recursos para os pobres, disse o assessor.

‘Os monstros’

Em seu primeiro discurso após a eleição, Dilma criticou o senador por Minas Gerais, de 54 anos de idade, dizendo que os brasileiros não queriam trazer de volta “fantasmas do passado” como o racionamento de energia e o alto índice de desemprego, em referência ao período entre 1995 e 2002, durante o qual o Partido da Social Democracia Brasileira, ou PSDB, governou.

Ela disse também que o PSDB havia tentado vender empresas estatais como a Petrobras e o Banco do Brasil.

Aécio respondeu no dia seguinte. “Me surpreende abrir hoje os jornais e ver a candidata oficial falar de fantasmas do passado”, disse ele a repórteres, em São Paulo.

“Na verdade, os brasileiros estão muito mais preocupados com os monstros do presente -- inflação alta, a recessão, corrupção”.

Os escritórios de campanha de Dilma e Aécio não responderam a e-mails separados em busca de comentários a respeito de suas estratégias eleitorais.

Aécio poderia angariar 50 a 65 por cento dos votos de Marina Silva, o que lhe daria a mesma chance de Dilma de se eleger, disse André César, consultor político em Brasília. Marina havia dito que tornaria seu apoio público hoje, mas adiou o anúncio.

“Esta eleição contrapõe dois modelos opositores de gestão econômica: o de Aécio, por um estado menor e mais enxuto, e o de Dilma, de um governo grande, de intervenção e de investimentos sociais”, disse David Fleischer, professor de Ciência Política da Universidade de Brasília. “Essas são duas formas opostas de administrar a economia”.

São Paulo - Algumas semanas atrás, era improvável que o segundo turno das eleições 2014 acontecesse entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Marina Silva (PSB) era a candidata em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos. Aécio, no entanto, virou o jogo e será o candidato a concorrer ao cargo nesse segundo turno. A seguir, veja outras viradas importantes da corrida eleitoral brasileira.
  • 2. Collor X Lula (1989)

    2 /8(Lula: Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL; Collor: Orlando Brito/Veja)

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    As eleições presidenciais de 1989 marcaram uma grande virada. Em abril, Collor tinha apenas 17% das intenções de voto para o cargo de presidente. Após um crescimento grande, Collor passou no primeiro turno com 28% dos votos e Lula com 16%. No segundo turno, Collor venceu as eleições.
  • 3. FHC X Lula (1994)

    3 /8(Lula: AGÊNCIA BRASIL; FHC: Germano Lüders/EXAME)

  • Nas eleições presidenciais de 1994, Lula sofreu outra virada. O candidato do PT liderava as pesquisas. Em maio, tinha 42% das intenções de votos. Fernando Henrique Cardoso, candidato do PSDB, por outro lado, tinha 16%. Com a consolidação do Plano Real, FHC ultrapassa Lula no início de agosto. No final das contas, Fernando Henrique vence as eleições ainda em primeiro turno, com 54% dos votos.
  • 4. Dilma X Serra (2010)

    4 /8(Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

    Serra liderava as pesquisas em abril de 2010. O candidato do PSDB tinha 38% das intenções de voto, enquanto Dilma tinha 28%. Em maio, no entanto, após uma subida rápida de Dilma, os dois ficaram empatados com 37% das intenções. Após o primeiro turno, Dilma passa em primeiro lugar, com 46% dos votos e Serra, com 32%.
  • 5. Dilma X Serra (2º turno de 2010)

    5 /8(Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)

    Antes mesmo que o primeiro turno acontecesse, as pesquisas mostravam que Dilma perderia para Serra. O candidato do PSDB levaria o segundo turno com 50% das intenções, contra 40% para a presidenciável do PT. Dilma vira, eventualmente, o jogo e vence as eleições.
  • 6. Anastasia X Helio Costa (MG - 2010)

    6 /8(Anastasia e Helio Costa: ABr)

    Antonio Anastasia (PSDB) buscava reeleição ao cargo de governador de Minas Gerais em 2010. Seu principal adversário era Helio Costa (PMDB). As pesquisas apontavam Helio Costa à frente nas intenções de voto. Em julho, Costa tinha 44% das intenções de voto, enquanto Anastasia tinha apenas 18%. Em setembro, Anastasia ultrapassou Costa nas pesquisas e foi eleito ainda em primeiro turno, com 62% dos votos.
  • 7. Fernando Haddad (Prefeitura de São Paulo - 2012)

    7 /8(Paulo Fridman/Bloomberg)

    Na campanha para prefeitura de São Paulo de 2012, ora as intenções de voto mostravam José Serra (PSDB) em primeiro, ora o candidato Celso Russomanno (PRB). Lá embaixo, de maneira discreta corria Fernando Haddad, candidato do PT. Até agosto, Haddad sequer pontuava dois dígitos nas intenções. Até a última pesquisa de intenção de votos daquelas eleições, divulgada dias antes do primeiro turno, Russomanno estava em primeiro e Serra em segundo. No final das contas Serra e Haddad passaram para o segundo turno, o qual Haddad venceu com 55% dos votos.
  • 8. Agora, veja políticos votando neste domingo

    8 /8(Reuters)

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