"A política envelheceu, e o PSDB foi junto", avalia Arminio Fraga
Economista descartou uma participação mais ativa nas eleições de 2018, como fez em 2014, quando foi consultor econômico da campanha de Aécio
Estadão Conteúdo
Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 08h21.
Rio de Janeiro - A troca de governo em 2019 é uma janela de oportunidade para o Brasil seguir fazendo mudanças e reformas na política econômica, mas o processo é ameaçado pela possibilidade de vitória de um candidato populista em 2018, afirmou nesta quinta-feira, 7, o ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Gávea Investimentos, Arminio Fraga .
O economista admitiu que conversou com candidatos e pré-candidatos, como o apresentador Luciano Huck, mas descartou uma participação mais ativa nas eleições de 2018, como fez em 2014, quando foi consultor econômico da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
"Estamos olhando para uma janela de oportunidade em 2019, dependendo do governo escolhido e dependendo da qualidade do debate em 2018", disse, em palestra durante seminário promovido pela Fundação Getúlio Vargas, em parceria com a Universidade Columbia.
O economista disse que vê "sinais de populismo no ar", o que seria preocupante porque poderia haver retrocesso na economia. "É muito difícil derrotar um regime populista nas urnas. Em geral, eles quebram. De certa maneira, o nosso quebrou."
Na saída do evento, o ex-presidente do BC disse que a ameaça populista é clara. "A ameaça populista já chegou, é só ver alguns dos discursos", afirmou, evitando citar nomes. Questionado sobre a desfiliação recente de economistas ligados ao PSDB, como o também ex-presidente do BC Gustavo Franco e Elena Landau, que coordenou as privatizações no BNDES no governo Fernando Henrique Cardoso, Arminio destacou que não é filiado ao partido.
"A política em geral envelheceu. O PSDB foi junto", afirmou. Antes, na palestra Arminio defendeu uma ampla reforma no Estado, já que, do ponto de vista fiscal, o Brasil está "na UTI". "O Brasil precisa de um Estado eficaz, que tenha capacidade de entrega", disse.
Nesse quadro, a reforma da Previdência é importante e deve ser aprovada logo, mas novos ajustes no regime previdenciário serão necessários nos próximos anos.
Além disso, a reforma do Estado deveria englobar recursos humanos, orçamento e as empresas estatais. "Não faz sentido o governo ter empresa", disse o economista.
Para Arminio, todas as empresas deveriam ser privatizadas, incluindo Petrobrás e Eletrobrás. Tanto o fatiamento de grandes estatais quanto sua conversão em corporações são bons modelos.
"É interessante esse modelo de criar uma corporação na Eletrobrás, mas tenho certas dúvidas. Talvez a empresa seja muito grande", afirmou, defendendo ainda a desvinculação total das despesas e receitas nos orçamentos dos governos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.