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40% dos bebês com microcefalia têm lesão ocular

A hipótese de que o zika vírus esteja relacionado a lesões oculares em bebês foi relatada pela 1ª vez na literatura científica internacional na quinta-feira


	Descoberta: a hipótese de que o zika vírus esteja relacionado a lesões oculares em bebês foi relatada pela 1ª vez na literatura científica internacional na quinta-feira
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Descoberta: a hipótese de que o zika vírus esteja relacionado a lesões oculares em bebês foi relatada pela 1ª vez na literatura científica internacional na quinta-feira (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 14h39.

Fortaleza - Um mutirão feito pela Fundação Altino Ventura iniciou nesta segunda-feira, 11, o atendimento a 50 bebês portadores de microcefalia. O foco da ação é investigar o comprometimento na visão dos pacientes.

"No mês de dezembro, fizemos o primeiro atendimento a um grupo de 40 bebês e percebemos que pelo menos 40% deles apresentaram algum tipo de alteração na visão, especialmente na retina. Por isso decidimos aprofundar o atendimento com novos exames e testes mais específicos", explicou a médica oftalmologista Camila Ventura, da FAV.

O atendimento é feito de forma gratuita e a expectativa dos especialistas é de que a partir da elaboração de diagnósticos os pacientes possam ter um acompanhamento personalizado.

Desde dezembro, foram atendidos 79 bebês com suspeita de microcefalia e os exames de 55 já foram concluídos.

A má-formação de 40 desses bebês está relacionada ao zika vírus e, destes, cerca de 40% apresentaram problemas na visão. A FAV deve manter o auxílio permanente a cerca de 100 crianças.

"Ao que tudo indica, de fato a infecção pelo zika vírus parece afetar a visão de uma grande parcela das crianças com microcefalia. Mas sabemos também que há situações em que podemos minimizar os efeitos desses problemas", destacou a oftalmologista Liana Ventura.

Entre as complicações mais observadas pelos especialistas estão o estrabismo neurológico, a atrofia da retina e a alteração pigmentar (manchas na retina). Além dos exames de visão, os bebês estão passando pelo teste da orelhinha, para saber se a audição foi comprometida.

A dona de casa Fátima da Silva, de 32 anos, foi uma das mães que levaram o filho com microcefalia para atendimento na FAV. O pequeno Lucas, de 2 meses, foi examinado por três especialistas.

"Eu dei graças a Deus quando consegui uma vaga para meu filho neste serviço porque sei que ele vai ser bem cuidado. Não é fácil conseguir entender direito quais os problemas de saúde que ele tem. Por isso quero que tenha o melhor atendimento possível", destacou.

Revista

A hipótese de que o zika vírus esteja relacionado também com a ocorrência de lesões oculares em recém-nascidos foi relatada pela primeira vez na literatura científica internacional na quinta-feira, em artigo publicado na revista britânica The Lancet, uma das mais importantes do mundo.

O texto, assinado por pesquisadores da Fundação Altino Ventura, de Pernambuco, e da Universidade Federal de São Paulo, relata os casos de três bebês nascidos com microcefalia e alterações oftalmológicas severas. 

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