2ª turma do STF inicia julgamento de ação penal do deputado Nelson Meurer
Julgamento de parlamentar do PP acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro é o primeiro de ação penal da Lava Jato na Suprema Corte
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de maio de 2018 às 15h31.
Última atualização em 15 de maio de 2018 às 15h32.
Brasília - A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal ( STF ) iniciou na tarde desta terça-feira, 15, o primeiro julgamento de ação penal da Lava Jato na Suprema Corte, que tem como réu o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR). O parlamentar é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por conta de recursos desviados da Petrobras .
Meurer se tornou réu em junho de 2016, quando a Segunda Turma aceitou a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo a PGR, teriam sido feitos pelo menos 161 repasses ao PP e ao deputado, que totalizaram R$ 357,9 milhões, entre 2006 e 2014, em esquema envolvendo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. O inquérito chegou à Suprema Corte em março de 2015.
O julgamento começou com a leitura de relatório do ministro Edson Fachin, relator do caso. Depois do ministro, fala o ministro Celso de Mello, decano da Corte e revisor do processo.
A turma ainda é composta por Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. Toffoli, no entanto, está em agenda fora do Brasil e não participa da sessão desta terça.
Neste início de julgamento, deve falar por cerca de uma hora a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques. Depois, um advogado da Petrobras terá direito a 15 minutos de fala na condição de assistente da acusação.
Por fim, farão uso da palavra os advogados de defesa de Nelson Meurer e seus filhos - ao todo, serão reservadas entre duas e três horas para a defesa dos réus.
Segundo dois ministros ouvidos reservadamente pela reportagem, o julgamento não deverá ser concluído nesta terça-feira.
Reforço
Nesta segunda-feira, 14, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge , encaminhou uma manifestação à Corte reforçando o pedido para que o deputado federal seja condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Também são réus na ação os filhos de Meurer, Nelson Meurer Júnior e Cristiano Augusto Meurer.
Para Raquel, uma das técnicas de lavagem de dinheiro foi a utilização de propina disfarçada de doação eleitoral. "Utilizar o aparelho do Estado como meio para lavar o dinheiro é, como dito pelo eminente Ministro Celso de Mello, comportamento ousado e atrevido, que ofende de modo ainda mais grave o bem jurídico", afirmou Raquel Dodge.
"O sistema eleitoral foi usado apenas como instrumento de ocultação e dissimulação da natureza, da origem, da localização, da disposição, da movimentação e da propriedade de valores provenientes de infração penal, no caso a corrupção passiva", concluiu a procuradora-geral da República.