17 fatos que resumem o caos que foi 2017
O ano foi confuso e difícil? EXAME te ajuda a organizar as memórias
Luiza Calegari
Publicado em 28 de dezembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 28 de dezembro de 2017 às 06h00.
São Paulo - Não há dúvidas de que 2017 foi um ano conturbado para o Brasil, e foi fácil se perder entre tantas notícias e reviravoltas na cena política brasileira.
EXAME preparou uma retrospectiva com os 17 fatos mais marcantes do ano, em ordem cronológica, para ajudar a organizar as informações e facilitar a transição para 2018 - que promete ser mais emocionante ainda.
1. Massacre nos presídios brasileiros
O ano começou violento: já em 1º de janeiro, estourou uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM). O confronto, envolvendo uma rixa entre a facção Família do Norte e o Primeiro Comando da Capital, durou 17 horas e deixou ao menos 56 mortos. Depois disso, também estouraram confrontos no Rio Grande do Norte, entre o Sindicato RN e o PCC.
2. Morte do Teori Zavascki
O ministro do Supremo Tribunal Federal era relator dos casos da Lava Jato, e morreu em um acidente de avião perto de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, no dia 19 de janeiro. Ele foi substituído por Alexandre de Moraes, indicado do presidente Michel Temer, e a relatoria dos processos da Lava Jato passou para Edson Fachin.
3. Prisão do Eike Batista
O empresário teve a prisão decretada pela Polícia Federal na operação Eficiência, acusado de corrupção ativa por pagar 16,5 milhões de dólares ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral por meio de uma conta no Panamá. Eike voltou dos Estados Unidos em 31 de janeiro, para se entregar e prestar depoimentos.
4. Morte da Marisa Letícia
A esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi internada no hospital Sírio Libanês em 24 de janeiro após um acidente vascular cerebral (AVC), e foi declarada morta em 3 de fevereiro. Marisa Leticia foi velada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e vários políticos compareceram ao funeral.
5. Serra deixa o governo
O tucano José Serra era chefe do Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores, e deixou o governo em fevereiro alegando problemas de saúde (ele sofre de dores nas costas). Em seu mandato, o Brasil se aproximou da União Europeia e enfraqueceu os laços com o Mercosul. Serra foi substituído como chanceler por Aloysio Nunes, também do PSDB.
6. Lista de Janot
A primeira e mais impactante lista dos políticos investigados pela Procuradoria-Geral da República foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo. O rol dos nomes ficou conhecido como “ lista de Janot ”, em referência ao então procurador-geral. Estavam lá o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, além de quase todo o primeiro escalão do governo Temer.
7. Operação Carne Fraca
A maior operação da Polícia Federal em frigoríficos brasileiros revelou fraudes na venda de carnes, que incluíam pagamento de suborno para sonegação de impostos e para descumprimento de regras sanitárias. A investigação respingou nas exportações brasileiras, especialmente para mercados europeus, e o presidente Michel Temer teve que atuar pessoalmente para tranquilizar líderes estrangeiros.
8. Divulgação do áudio de Joesley com Temer
A notícia mais impactante do ano foi a divulgação, em maio, de um trecho de conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, durante um encontro dos dois fora da agenda presidencial. A certa altura, Joesley, que estava gravando a conversa, alude a um suposto pagamento que estaria sendo feito a Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, que está na prisão. Temer responde: “tem que manter isso, viu”. A divulgação caiu como uma bomba no cenário político, e motivou a primeira denúncia de um presidente em exercício da história brasileira.
9. Absolvição da chapa Dilma/Temer no TSE
Ainda em meio aos escândalos envolvendo o governo Temer (a divulgação da lista de Janot e do áudio de Joesley), o Tribunal Superior Eleitoral começou a julgar um processo aberto por Aécio Neves, do PSDB, questionando o financiamento eleitoral da chapa que venceu as eleições, de Dilma e Temer. O julgamento foi realizado em um momento confuso: Aécio entrou com o processo logo após perder as eleições. No entanto, após o impeachment, o PSDB passou a apoiar o governo Temer. E, por fim, o próprio Aécio foi implicado em denúncias de Joesley Batista. A chapa acabou sendo absolvida das acusações no dia 9 de junho.
10. Aprovação da reforma trabalhista
A segunda grande vitória do governo Temer no Congresso: depois de conseguir passar a PEC do Teto de Gastos, foi aprovada a lei que flexibiliza as relações trabalhistas no Senado na noite de 11 de julho. A principal mudança diz respeito a negociações de termos de contrato, que agora podem ser feitas diretamente entre patrão e empregado, sem mediação do sindicato, e têm força de lei.
11. Nomeação da Raquel Dodge para a PGR
Raquel Dodge, que é considerada opositora do ex-procurador-geral da República (PGR) Rodrigo Janot, foi a segunda colocada na lista tríplice apresentada pelo MPF a Michel Temer. Essa foi a primeira vez em 14 anos que um presidente da República não escolheu o candidato mais votado da lista tríplice – Raquel, que somou 587 votos, ficou atrás de Nicolao Dino, que recebeu 621 votos. Sua nomeação saiu em 12 de julho.
12. PF prende ex-ministro Geddel Vieira Lima
O ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer, Geddel Vieira Lima, foi preso em 3 de julho pela suspeita de tentar obstruir a investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.
13. Moro condena ex-presidente Lula a 9 anos de prisão
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso do tríplex do Guarujá, investigado no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo o MP, Lula teria recebido o imóvel como contrapartida por contratos fechados entre a OAS e a Petrobras durante sua gestão. A sentença saiu em 12 de julho
14. Temer barra primeira denúncia na Câmara
A Câmara dos Deputados livrou o presidente Michel Temer (PMDB) do risco de virar réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em votação no dia 2 de agosto. O peemedebista foi acusado de corrupção passiva pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
15. Afastamento de Aécio
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 3 votos a 2, afastar o senador Aécio Neves de seu mandato e o obrigou ao recolhimento noturno no dia 26 de setembro. O tucano foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção passiva e obstrução de Justiça com base nas delações premiadas da empresa J&F. A decisão, no entanto, foi contestada pelos parlamentares, e Aécio pôde retomar suas funções após uma votação no Senado.
16. Câmara rejeita a segunda denúncia contra Temer
A Câmara dos Deputados sepultou a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer em 27 de outubro. Foram 251 votos a favor do presidente e 233 contra, além de 2 abstenções e 25 ausências. Nessa ação, também protocolada pelo ex-PGR Rodrigo Janot, o peemedebista foi acusado de organização criminosa e obstrução à Justiça.
17. Prisão de Paulo Maluf
O fim do ano ainda guardava uma surpresa: Edson Fachin, do STF, determinou que o deputado Paulo Maluf começasse a cumprir pena de 7 anos e 9 meses de prisão por desvios de verba praticados enquanto Maluf era prefeito de São Paulo. A condenação saiu em 19 de dezembro, e ele se entregou à PF no dia seguinte. Maluf ainda está tentando reverter a prisão e apresentando pedidos de habeas corpus, mas até agora sem sucesso.