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Redução da Selic pode aliviar custos da safra 2023/2024

A redução da taxa de juros em 0,5% p.p. é vista como bom sinal para a programação do calendário-safra, inclusive do ponto de vista de governança dos negócios rurais

Plantio de soja: redução da Selic pode contribuir para os custos de produção da safra 23/24 (CNA/Senar/Divulgação)

Plantio de soja: redução da Selic pode contribuir para os custos de produção da safra 23/24 (CNA/Senar/Divulgação)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 3 de agosto de 2023 às 18h20.

Mesmo com a maioria dos insumos já comprados para a safra 2023/2024, durante o processo de plantio e colheita é necessário repor os estoques de insumos. Por isso, a redução da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na terça-feira, 2, é vista como bom sinal para a programação do calendário-safra que se inicia.

Leia também: Análise: queda da Selic marca divisão na diretoria do BC e Campos Neto faz gesto ao governo

Na avaliação de Roberta Paffaro, especialista em mercado de commodities agrícolas, a redução da taxa básica de juros para 13,25% a.a. sinaliza uma melhora aos produtores rurais para "conseguir um crédito mais negociável". No curto prazo, pode não haver grandes mudanças, mas ela enfatiza a necessidade de pensar no gerenciamento de todas as etapas de produção.

Paffaro lembra que, no momento de planejamento da safra, muitos empresários no campo tomaram empréstimo a juros de 13,75%. Logo, a redução no câmbio notada ultimamente pode não ser positiva para a comercialização das commodities em dólar, mas para quem ainda precisa garantir insumos é um bom aceno. 

"Já se fala em uma possível redução da Selic para 12% até o final do ano. Quando agricultores usam essas informações do mercado a seu favor, conseguem renegociar dívidas e enfrentar a safra com menor custo possível", diz a especialista.

Leia também: Para onde vai a taxa Selic? BC sinaliza novo corte de 0,5 p.p em setembro

Governança para safra 2023/24

Olhar para a relação entre juros, custo de produção e oportunidade de mercado faz parte da governança dos negócios rurais. Diante da era ESG, Roberta Paffaro conta que é procurada por muitas produtoras rurais interessada em aprender sobre a dinâmica do mercado.

A especialista em commodities diz que há uma parcela considerável de mulheres no campo mais atenta aos movimentos geopolíticos e como eles influenciam o comportamento de oferta, demanda e preços. É o caso de Clarisse Volski, proprietária da fazenda Agropecuária Santa Rita, cuja produção é dividida entre soja, milho, pecuária, aves, suínos, piscicultura e gado leiteiro.

Volski conta que está atenta aos recursos para o custeio das lavouras de verão, ao mesmo tempo em que acompanha a conjuntura internacional. "O ideal é ficar de olho no mercado frente aos cenários da demanda da China e a guerra entre Rússia e Ucrânia, além de buscar a melhor relação de troca para fazer uma boa compra", diz.

Relação de troca

No cálculo ainda entra o El Niño. Produtora no Paraná, Clarice Volski espera que as lavouras na região Sul sejam favorecidas pelo clima, mas é necessário se programar para uma incidência maior de doenças nas plantas. Isso significa a possibilidade de usar mais defensivos e, com isso, ter acréscimo no custo de produção.

Roberta Paffaro concorda que o momento é de olhar para custos, a fim de otimizar a relação de troca com os insumos. Como exemplo, ela cita os defensivos e fertilizantes, ou a relação de troca com a ração, já que o milho teve redução no preço.

"Conflitos geopolíticos afetam os preços e temos dúvida sobre demanda global. Por isso, a dica é otimizar custos e não entrar na safra com endividamentos. O Brasil não vai parar de exportar, mas a economia global ainda não se recuperou, está diminuindo o consumo e com isso há menos demanda por commodities", ela afirma.

Prêmio Mulheres do Agro

Clarice Volski, à frente da fazenda Agropecuária Santa Rita, em Pitangas (PR), é uma das produtoras vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro. O trabalho dela foi reconhecido pela gestão integrada aos pilares ESG, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o investimento em energia solar.

Com o objetivo de incentivar a presença das mulheres no agronegócio, seja na ciência ou no campo, a 6ª edição do Prêmio Mulheres do Agro está em busca de histórias que mostrem a protagonismo feminino no setor. Idealizado pela Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a premiação busca reconhecer produtoras rurais que realizem uma gestão sustentável, com foco no ESG.

Realizado desde 2018, o troféu já foi concedido a 45 mulheres que estão à frente de propriedades de pequeno, médio e grande porte. Para a edição de 2023, o projeto passa a contar com o apoio de cinco entidades parceiras: Embrapa, Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas (Andav), Faculdade de Tecnologia (Fatec) Pompeia, Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia.

Leia também: Como Malu Nachreiner, presidente da Bayer, quer impulsionar mais mulheres à liderança no agro

O prêmio está com as inscrições abertas. Para se inscrever ou indicar uma candidata, é necessário preencher duas etapas de informações, sobre a propriedade e sobre a própria jornada de vida. Para verificar o regulamento e começar a inscrição, acesse o site premiomulheresdogro.com.br. A premiação acontece durante Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, realizado em São Paulo, nos dias 25 e 26 de outubro.

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