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Plano Safra terá mecanismos para que estados diversifiquem sua produção, afirma Haddad

Confira os principais pontos da entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da EBC, nesta quarta-feira, 8

Haddad concede entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da EBC (Hollie Adams/Getty Images)

Haddad concede entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da EBC (Hollie Adams/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 8 de maio de 2024 às 11h54.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), concedeu entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da EBC, e comentou assuntos como política de produção, reforma tributária, reoneração da folha de pagamento, inflação e Rio Grande do Sul.

Segundo o ministro, o próximo Plano Safra terá mecanismos para que Estados diversifiquem sua produção. "Precisamos de alguma diversificação e vamos ter de induzi-la para não ficarmos prisioneiros, para não ficar dependentes apenas de um produto", disse.

Haddad traçou um paralelo da agricultura com a rede elétrica em termos de interligação. Segundo ele, há ramais diferentes de transmissão para justamente não haver um problema generalizado se houver um dano local.

"Temos que pensar em algo parecido para alimentação. Tem que respeitar o bioma e o que se pode produzir ali, mas vimos como foi o caso do arroz no fim do ano passado", disse, lembrando que mesmo o aumento da importação para tentar regular preço poderia aumentá-lo.

O ministro enfatizou que se vive hoje em um mundo "muito desafiador" e que era raro ver um Estado sofrer o que o Rio Grande do Sul vem sofrendo há anos: enchentes enormes após anos de seca. "Não há paralelo, não há precedente", disse, lembrando que mais de 80% da produção de arroz do Brasil é produzida no Estado. "O que faz sentido, portanto, é ter diversificação da produção por Estado", reforçou.

Outro ponto destacado por Haddad é a retomada de estoques reguladores, que, segundo ele, foram abandonados durante o governo anterior, de Jair Bolsonaro. "Perdemos a capacidade de armazenamento", disse, reforçando que é preciso que o governo aja com estratégia para diminuir a dependência.

Reforma tributária e alimentos

Em relação à reforma tributária, Haddad disse que espera que o preço dos alimentos caia a partir dos efeitos da reforma tributária sobre o consumo, aprovada pelo governo neste ano. O ministro citou que os itens que compõem a cesta básica receberam um "tratamento especial", com alíquota zerada para produtos essenciais. "E nos que estão fora da cesta básica, mas que são alimentos, vai haver o cashback, para as pessoas que estão no Cadúnico", acrescentou.

Haddad ainda reforçou que "sabe do compromisso" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no combate à inflação e que o presidente está preocupado com a situação atual do preço dos alimentos, sobretudo após o desastre climático no Rio Grande do Sul. O ministro ainda pontuou que espera que a taxa básica de juro, a Selic, continue caindo para que se possa construir "uma economia saudável".

Renegociação da dívida do Rio Grande do Sul

Sobre o Rio Grande do Sul (RS), Haddad destacou que a proposta do governo federal para a renegociação da dívida do estado deve ser anunciada entre esta quarta e quinta-feira, 9, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro explicou que a proposta para renegociação foi encaminhada pela Fazenda à Cassa Civil ontem e deve ser enviada ao presidente Lula nesta quarta.

O ministro também detalhou que a Fazenda trabalha com uma medida de abertura de crédito subsidiado para as famílias afetadas pela tragédia no Rio Grande do Sul. "São varias frentes de trabalho e conforme orientou o presidente Lula, todos os ministérios devem entregar até o final da semana suas propostas de ajuda ao Rio Grande do Sul", disse.

Segundo Haddad, a situação do Rio Grande do Sul não deverá ser usada como pretexto para que a União deixe de renegociar dívida com outros Estados, que já estavam nesse processo, como São Paulo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro.

Reoneração da folha de pagamento

Durante a entrevista, Haddad também informou que irá levar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a proposta da pasta sobre a reoneração da folha de pagamento das empresas junto da contraproposta à medida elaborada pelos setores afetados, e que foi enviada ao ministério na terça-feira 7. Segundo Haddad, a solicitação de encontro com Pacheco foi feita na terça e depende da agenda do presidente do Senado.

"Até por recomendação do presidente Lula, achei por bem fazer uma reunião com Pacheco para que ele tomasse ciência do 'estado da arte' sobre a proposta da Fazenda e a contraproposta dos setores", disse o Ministro durante o programa Bom Dia Ministro, da EBC.

Haddad reforçou a necessidade da reoneração da folha de pagamento, dizendo que é uma briga "que se arrasta por dez anos" e que o governo quer colocar "um fim nisso". Na avaliação do ministro, a reoneração é uma medida que se soma a outras iniciativas do governo, como a reforma tributária, e que tende a colocar o Brasil no pelotão da frente entre os melhores sistemas tributários do mundo.

"A questão da reoneração se insere em um quadro muito mais amplo, de construir sistema mais transparente", disse o ministro, reforçando que a conversa com Pacheco é para mostrar que "todos irão ganhar" com a reoneração, uma vez que, com mais empresas pagando impostos, os tributos tendem a ser menores.

Inflação

O ministro da Fazenda ainda destacou que os últimos indicadores de inflação têm se comportado "muito bem", ao mesmo tempo em que a taxa de juros no Brasil continua sendo uma das mais elevadas do mundo. Haddad disse não saber se o Comitê de Política Monetária (Copom) que se reúne nesta quarta, irá cortar a Selic em 0,50 ponto porcentual, conforme indicava o último comunicado oficial da autarquia.

"Tem essa discussão sobre o tamanho do cortes e respeita o comunicado anterior, que falava de 0,50 ponto, ou se vai haver uma alteração justificada", afirmou o ministro, reforçando que não sabe qual será a decisão da autoridade monetária.

Haddad ainda destacou que o governo "tem feito sua parte" e que espera que o atual governo Lula complete os quatro anos de mandato com a inflação dentro do teto das metas estabelecidas. O ministro também voltou a afirmar que este é o primeiro governo que tem que conviver com um presidente de Banco Central indicado pela administração anterior e que isso "não é simples".

Haddad também afirmou no programa que o ajuste fiscal no Brasil precisa ser algo perene, para que o País não passe por "solavancos". Segundo o ministro, o ajuste fiscal feito pelo atual governo tem sido feito "com a tranquilidade necessária" para não gerar esses solavancos.

"Antigamente era fácil fazer ajuste, porque você congelava salário de servidor", disse Haddad, em referência ao que foi feito durante a administração do presidente Jair Bolsonaro. "Isso tudo é ficção porque uma hora o problema bate na porta. Era tudo fantasia, não era para valer", reforçou o ministro, dizendo que a arrumação nas contas públicas não pode recair sobre "quem mais precisa".

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