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Aluguel de armazéns e inteligência de dados para logística: o futuro da Kepler Weber, segundo o CEO

Prestes a completar 100 anos, empresa de silos e soluções de armazenagem se prepara para uma nova fase, diz o CEO Bernardo Nogueira no primeiro episódio do novo programa da EXAME, Agro em Pauta

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 2 de novembro de 2024 às 07h56.

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Chegar aos 100 anos é um marco de longevidade, e na Kepler Weber isso não é diferente, como afirma Bernardo Nogueira, CEO da companhia, à EXAME.

Prestes a comemorar o centenário, a Kepler Weber, empresa de silos e soluções de armazenagem, se prepara para uma nova fase. “Além dos setores em que já atuamos, a empresa ingressará no setor de aluguel de armazenagem, um dos principais desafios do agronegócio brasileiro”, revelou Nogueira durante o primeiro episódio do Agro em Pauta, programa de entrevistas da EXAME sobre o agronegócio brasileiro.

A falta de espaço para armazenamento de grãos é uma questão crítica no setor, que atualmente enfrenta um déficit estimado em 120 milhões de toneladas. Com a expansão para o aluguel de armazenagem, a Kepler Weber busca atender a essa demanda crescente, já que a armazenagem de grãos é uma das maiores dores do setor agrícola brasileiro.

Segundo o CEO, a estratégia da Kepler Weber nesse novo setor será baseada em três frentes principais:

  • Atender clientes que precisam de armazenagem mas não possuem capital disponível para investir imediatamente;
  • Trabalhar com fundos de investimento que buscam renda fixa por meio da alocação em infraestrutura de armazenagem;
  • Atuação direta da Kepler Weber na identificação de clientes e na responsabilidade pela construção e manutenção das unidades de armazenagem.

As novidades sobre essa expansão serão anunciadas oficialmente em 26 de novembro, durante o Kepler Day — evento anual da empresa voltado para investidores e o mercado. “A chegada ao centenário leva a companhia a se programar para os próximos 100 anos”, destacou Nogueira.

Outro plano da empresa é conectar todas as suas unidades de silos, expandindo o alcance do sistema Procer, adquirido no ano passado. “Com o Procer, o produtor tem acesso à qualidade e quantidade dos grãos em tempo real,” explicou Nogueira.

A meta agora é transformar a plataforma em um marketplace para conectar produtores e indústria, atendendo, por exemplo, uma indústria de etanol de milho que precisa adquirir o grão para a produção de biocombustível.

“O Brasil possui cerca de 19 mil unidades de armazenamento de grãos, e dessas, duas mil já estão conectadas pela Kepler, com dados em tempo real. Com essas informações, conseguimos estimar, de forma estatística, a quantidade de soja e milho em cada estado brasileiro, facilitando o apoio às operações logísticas e de compra e venda, conectando diversos atores do setor,” afirmou Nogueira.

Resultados da Kepler Weber

Mesmo em um ano desafiador para o agronegócio brasileiro, a Kepler Weber apresentou um EBITDA Ajustado de R$ 97,6 milhões no terceiro trimestre, uma margem de 22,2%, superior aos R$ 80,7 milhões e margem de 19,9% registrados no mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2024, o EBITDA Ajustado atingiu R$ 252,5 milhões, um crescimento de 20,9% em relação ao mesmo período de 2023.

Apesar dos resultados positivos, o lucro líquido da companhia foi de R$ 59,6 milhões no terceiro trimestre, uma queda de 10,4% em relação ao mesmo período do ano passado, com a margem líquida recuando para 13,6%, impactada pela pressão nos preços do aço, matéria-prima essencial para a produção dos silos da Kepler.

“Pelo menos na nossa perspectiva, não vemos um colapso do agronegócio. A agricultura é cíclica, sem dúvidas. Nós acabamos de passar pelo maior ciclo da história e estamos em um período de acomodação, retornando a bases normais e, nessas bases, a agricultura brasileira vai entregar mais um recorde”, disse Nogueira.

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