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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h28.
O anúncio realizado pela Vivo na última sexta-feira (30/6) de que vai iniciar estudos para a implantação de uma rede GSM está confundindo o mercado. A operadora, que detém a maior fatia de mercado do país - 33% - e utiliza a tecnologia CDMA, divulgou um breve comunicado e não se pronunciou mais sobre o assunto, gerando dúvidas e fomentando os boatos de que a Portugal Telecom estaria vendendo sua parte na empresa para a espanhola Telefónica Móviles. Oficialmente, a empresa afirma que o investimento no sistema GSM faz parte de uma estratégia que permitirá a evolução de sua rede para o sistema W-CDMA, uma versão de terceira geração das redes celulares que tem menores custos de royalties.
Atualmente, cerca de 77% dos telefones celulares no mundo utilizam a tecnologia GSM, que possibilita o uso de um cartão no qual são armazenados os dados do usuário, permitindo facilmente a troca de aparelho. No Brasil, esse percentual é de 56%. Apesar de a tecnologia CDMA estar presente no país há mais tempo, hoje somente 27% das linhas a utilizam, sendo exclusividade da Vivo. Ao contrário do que o nome leva a crer, a tecnologia W-CDMA é na verdade a evolução do GSM. Por isso, alguns especialistas acreditam que, aos poucos, a operadora vai migrar sua base de clientes de uma plataforma para outra.
Na tentativa de justificar a decisão da companhia, várias teorias surgiram no mercado. Uma delas é a de que a Vivo acordou para o panorama mundial e agora pretende obter benefícios comerciais e descontos agressivos de fornecedores que teriam interesse em tê-la como cliente. A outra é de que a mudança indicaria que a Telefónica Móviles está realmente comprando a parte da Portugal Telecom na sociedade, uma vez que a companhia espanhola já havia divulgado seu interesse em implementar a plataforma GSM. "Se o objetivo é migrar para W-CDMA, faz sentido investir em GSM. De qualquer forma, a Vivo teria que ampliar sua rede, pois já está operando na capacidade máxima", diz diretor-geral do Yankee Group, Luis Minoru Shibata.
Com tantas incertezas, nas últimas semanas as ações da Vivo não pararam de cair. O movimento foi impulsionado na última sexta-feira após a declaração, em Lisboa, do presidente da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, de que a Vivo começaria a operar em GSM antes do Natal, mantendo sua rede CDMA em operação. "Há um custo muito alto para manter as duas redes em funcionamento, o que reduz os ganhos da empresa", afirma Shibata. Entre a última sexta-feira e hoje, as ações preferenciais da Vivo caíram 5,64%, para 5,19 reais. No Brasil, a Portugal Telecom também não se pronuncia sobre o assunto.