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Vacina tem eficácia parcial anti-dengue pela primeira vez

Uma "vacina candidata" desenvolvida pela companhia farmacêutica francesa Sanofi Pasteur demonstrou eficácia de 30,2% em um teste, realizado com 4 mil crianças da Tailândia

Mosquito da dengue: até hoje não há nem vacina, nem tratamento específico contra a dengue, doença provocada por um vírus transmitido pelo mosquito 'Aedes aegypti' (Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2012 às 22h36.

Los Angeles - Pela primeira vez, uma vacina demonstrou eficácia parcial contra a dengue, doença que infecta todos os anos até 100 milhões de pessoas, das quais meio milhão, sobretudo crianças, desenvolvem a forma hemorrágica, que pode ser letal.

Segundo um estudo publicado na edição desta terça-feira da revista médica The Lancet, uma "vacina candidata" desenvolvida pela companhia farmacêutica francesa Sanofi Pasteur demonstrou eficácia de 30,2% em um teste de fase 2, realizado com 4.000 crianças da Tailândia.

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O resultado pode parecer tímido, mas até hoje não há nem vacina, nem tratamento específico contra a dengue, doença provocada por um vírus transmitido pelo mosquito 'Aedes aegypti', endêmica em todas as regiões tropicais e subtropicais do planeta.

O desenvolvimento de uma vacina contra a doença, também chamada de "gripe tropical", é considerado complexo porque não existe um, e sim quatro subtipos de vírus de dengue que circulam paralelamente.

"Nosso estudo representa a primeira prova de que uma vacina eficaz contra a dengue é possível", comentou um dos autores do artigo, doutor Derek Wallace, da Sanofi Pasteur.

Entratanto, em um primeiro momento, o teste (objeto de um primeiro comunicado da empresa farmacêutica em julho) se revelou decepcionante, com uma taxa de eficácia "menor do que a projetada", segundo o artigo.


Mas em um segundo momento, os pesquisadores se deram conta de que a vacina candidata, denominada "CYD-TDV", tinha sido perfeitamente eficaz contra três dos quatro subtipos do vírus.

Assim, a taxa de eficácia foi estabelecida entre 60% e 90% para os sorotipos DEN-1, DEN-3 e DEN-4. Apenas o vírus do sorotipo DEN-2 "resiste aos efeitos da vacina".

"Contra este sorotipo, nenhuma proteção foi obtida com este teste, apesar da imunogenicidade (reação imunológica) satisfatória", escreveram os pesquisadores da Sanofi, que assinam o artigo em conjunto com acadêmicos e clínicos tailandeses.

"Esta falta de eficácia junto ao DEN-2 (...) é surpreendente e deverá ser objeto de novas pesquisas", continuaram.

O especialista americano em dengue Scott Halstead se questionou sobre a eficácia final desta vacina "parcialmente eficaz", levando em conta o fato de que os quatro subtipos de vírus circulam paralelamente.

Será preciso utilizar "modelos matemáticos" para saber como esta vacina eficaz contra três dos quatro sorotipos "se comportará se for utilizada", indicou o especialista em comentário publicado na revista.

Enquanto aguarda, a Sanofi iniciou um teste mais amplo, agora com mais de 30 mil voluntários, em seu estudo de fase 3. Os voluntários foram recrutados em dez países de Ásia e América Latina.

O objetivo é testar a mesma "vacina candidata" em "diferentes contextos epidemiológicos" com a esperança de evidenciar um "benefício significativo".

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 50 e 100 milhões de pessoas são infectadas todos os anos com o vírus da dengue, das quais 500.000, sobretudo crianças, desenvolvem a forma hemorrágica, que costuma exigir hospitalização e ser fatal em 2,5% dos casos, em média.

"A incidência da dengue avançou de forma espetacular" nos últimos anos, reporta a OMS, destacando um aumento preocupante das transmissões em áreas urbanas e a expansão para áreas mais temperadas, como a Europa.

Segundo o artigo, o teste do Sanofi vai ao encontro dos objetivos estabelecidos pela OMS de reduzir à metade a mortalidade por dengue até 2020.

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