Seguradoras brasileiras devem focar clientes, diz vice-presidente da Gartner
Abertura do mercado de resseguros gera grande potencial de negócios, mas o sucesso só virá para quem se concentrar nos consumidores, afirma Kimberly Harris-Ferrante
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h24.
A abertura do mercado de resseguros, antes um monopólio da estatal IRB-Brasil Re (antigo Instituto de Resseguros do Brasil), trouxe um grande potencial de negócios para as seguradoras brasileiras. Os especialistas eram um boom do mercado, com a criação de novos produtos. O sucesso, porém, só virá para as empresas que concentrarem seus esforços no atendimentos aos clientes, criando estruturas de tecnologia da informação mais flexíveis e menos centradas nas rotinas operacionais. A avaliação é de Kimberly Harris-Ferrante, vice-presidente de pesquisas do Gartner, instituto americano especializado em tecnologia. "O Brasil é um mercado jovem e com grande potencial de crescimento no setor de seguros", afirma a executiva.
De acordo com Kimberly, o foco no consumidor é uma necessidade em todo o mundo. "As companhias têm buscado maneiras de se diferenciarem umas das outras e o cuidado no atendimento poderia ser um diferencial", diz a executiva. A estrutura de planejamento de tecnologia de informação das seguradoras, segundo ela, é normalmente organizada de acordo com as linhas de produtos e vendas, mas deveriam ser focadas no cliente.
Em visita a São Paulo para participar de um seminário promovido pela Gartner, Kimberly ressalta ainda a importância de se diferenciar os hábitos locais e as tendência mundiais do setor. "Será necessário pesquisar os hábitos dos clientes brasileiros e entender suas preferências, que não são as mesmas do resto do mundo", diz a executiva. Assim, as ferramentas de tecnologia necessárias para a tarefa podem não ser as mesmas das de companhias de outros países.
Desafios
A pesquisadora enumera ainda outros desafios para as seguradoras, no que se refere à tecnologia da informação. Kimberly lembra que, a cada dia, surgem novas tecnologias, o que torna difícil o investimento a longo prazo. "Não se pode ter uma bola de cristal para prever, mas as coisas têm mudado muito rápido e perde a empresa que não fizer um planejamento voltado para os próximos 10 anos", afirma.
Outro obstáculo, destacado pelo levantamento feito pelo Gartner sobre o assunto foi a cultura empresarial. Segundo a executiva, muitas empresas mais antigas são resistentes à implantação de novidades. Em outras situações, as organizações desperdiçam recursos com investimentos errados ou ineficientes. "Nesse caso, raramente a companhia volta atrás, para não perder o investimento, mesmo que ele não funcione", diz Kimberly. Mesmo assim, ela acredita que o cenário é positivo, já que os investimentos em tecnologia da informação têm crescido em boa parte do mundo.