Riscos sob controle
Como a AGF Saúde transformou a área de tecnologia da informação em fonte de lucros
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h33.
Em todas as reuniões da alta cúpula da subsidiária brasileira da AGF Saúde, controlada pelo grupo de seguros francês Allianz, está presente a executiva Rosely Boer Corino da Fonseca, responsável pela área de tecnologia da informação. O pessoal de Rosely também participa freneticamente do dia-a-dia da companhia e opina em todo tipo de decisão -- de alterações em planilhas de custos a simples mudanças na gravação dos menus da central de atendimento telefônico. No modelo de negócios implantado pelo médico Peter Arnoldo Rosemberg, à frente da AGF Saúde desde 2001, o setor de tecnologia é crucial. "A maioria das empresas só chama a área para implantar o que já foi decidido", diz ele. "Aqui, a tecnologia faz parte da alma do negócio."
Essa estratégia, segundo Rosemberg, pode ser considerada a grande responsável pelos bons resultados que a AGF vem conseguindo. Há três anos, a empresa tem registrado médias inferiores às do mercado na taxa mais observada pelos analistas, o índice de sinistralidade -- relação entre os custos com médicos e hospitais e as receitas das mensalidades. Em 2004, esse índice foi 71,7% -- o menor de todo o setor --, o que levou a companhia a registrar lucro de 15,4 milhões de reais, 24% superior ao de 2003. Um estudo da Fundação Getulio Vargas sobre o desempenho do mercado em 2004 mostrou que a AGF foi a melhor seguradora, segundo critérios que cruzam o risco e o retorno financeiro. Responsável por projetos de tecnologia no Hospital Albert Einstein na década de 80, Rosemberg sentiu na pele a dificuldade na comunicação entre as diversas áreas do hospital e a de informática. Especialista em administração hospitalar e em tecnologia, ele sabia o que era preciso para tornar os processos mais ágeis. "Mas as necessidades dos administradores demoravam a chegar até mim", diz Rosemberg "Quando assumi a AGF Saúde, minha prioridade foi não deixar esse divórcio acontecer."
Administrar riscos é a chave para qualquer empresa de seguros manter os custos sob controle. Ao acompanhar o gasto de cada um dos 120 000 segurados, a AGF evita surpresas desagradáveis. Há retratos em tempo real de como os planos são utilizados. O sistema gera relatórios freqüentes de consultas e exames. Caso eles apontem um gasto acima da média, a equipe de tecnologia sai em busca de mais informações no banco de dados para, em conjunto com as outras áreas, tentar estancar a sangria. Quando o sistema identifica que um paciente marcou consultas demais com especialistas, o pessoal da AGF entra em contato para ajudá-lo a consultar apenas os necessários. "Eles já orientaram funcionários nossos que iam de médico em médico apenas porque não sabiam que especialidade procurar", diz Meire Inoue, executiva de RH da TecBan, que administra a rede Banco 24 Horas e é cliente da AGF. O sistema também aponta situações que permitem traçar planos permanentes de redução de custos. Sempre que possível, os bebês prematuros são tratados em casa, com o acompanhamento de uma enfermeira da AGF. Em geral, os custos com internação são mais altos que o auxílio em casa -- e, perto de suas mães, os bebês tendem a progredir mais rápido.
A eficiência da AGF | ||
A AGF é a operadora que tem os menores custos médicos do mercado percentual de gastos em relação à receita | ||
Ano | AGF | mercado |
2002 | 74,3% | 82,1% |
2003 | 77,7% | 86,2% |
2004 | 71,7% | 87,3% |
Fonte: Fenaseg |